Defender a auto-regulação e recusar os provedores?

(Não há ninguém que não defenda a auto-regulação; mas quando se trata de dar o primeiro passo...)

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quinta-feira, dezembro 09, 2004

O direito à imagem/abuso de poder

As televisões (em Portugal) facilitam quando se trata de cumprir com rigor o que diz a lei sobre reserva de direito de imagem.
Ontem à noite, na SIC, vi uma reportagem sobre um julgamento que hoje começaria no Fundão. À falta de melhor, a repórter bateu à porta de casa da "companheira" do principal arguido no caso. A senhora, que não falava português, disse várias vezes que não queria prestar declarações a jornalistas. Foi a única coisa que disse. E a câmara a filmá-la.
Este depoimento não teve qualquer relevância para o contexto da reportagem, uma vez que nada (repito, nada) foi dito.
Então por que foi emitido? Para mostrar a mulher ou por um ajuste de contas ("não queres falar? então toma lá..."). Mas a mulher é apenas a "companheira" do arguido, não está indiciada nem na reportagem se disse que ela teria qualquer relação.
Este é - parece-me - um exemplo de abuso de poder por parte dos jornalistas.
(Aos mais interessados, uma leitura aqui).
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É bem visto...

"Mas, do mal, o menos, sempre se contraria a tendência para o “pack journalism”, o jornalismo de rebanho, que tanto caracteriza os órgãos de comunicação social de hoje. O que um diz é igual ao que diz o outro e por aí adiante, e ninguém se atreve a ter um olhar diferente. Continua a ser pejorativo que se diga de um jornal ou de um noticiário televisivo “só eles é que pegaram nesse aspecto”, como se isso fosse um defeito, o preço do afastamento do rebanho."
Pacheco Pereira in VERITAS FILIA TEMPORIS
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O valor do "exclusivo"

Há palavras no jornalismo que têm um valor muito particular, elementos de um código reservado, a que apenas se recorre em casos especiais.
"Exclusivo" é uma delas.
Quando dizemos que temos algo em exclusivo estamos a alertar o leitor/ouvinte/telespectador para uma realidade muito específica: só ali o pode ler/ouvir/ver.
Todos os dias há centenas de exclusivos, mas nem por isso os jornais/rádios/televisões o anunciam. Porque é fundamental evitar a banalização do termo e porque um exclusivo pressupõe mais duas condições: a novidade e o elevado impacto previsível.
Vem isto a propósito da manchete de A Capital da passada terça-feira: "No dia em que completa 80 anos, uma longa e exclusiva conversa com Mário Soares".
Só A Capital é que tinha uma entrevista com o antigo presidente? Não, pelo menos o DN e a TSF também.
Já não é um exclusivo, porque se o critério de avalição for outro (por exemplo, a qualidade - por sinal óptima - da entrevista) então não temos critério...
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O respeito pelos ouvintes/leitores

Uma verdadeira relação entre jornalismo e consumidores só se atingirá quando houver o máximo de transparência sobre o processo produtivo e uma disponibilização de informações, que habitualmente são escondidas. Ao nível da transparência do processo noticioso o sistema vigente - pelo menos em Portugal - é muito opaco. Faz-se, publica-se e pronto.
Neste contexto surprendeu-me (muito favoravelmente) o seguinte texto de Abílio Ferreira, no último Expresso:
"A direcção do SNQTB [Sindicato dos bancários], contactada pelo Expresso para esclarecer se recorrerá para o Tribunal Constitucional (...) respondeu através da sua advogada. Como «o presidente do SNQTB» tem uma acção judicial contra o Expresso, «não serão feitos comentários».
Eu, como leitor, fiquei melhor informado. E agradeço.
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O que é que isto quer dizer?

(só agora vi, mas fiquei na mesma)
"O DN, que não é porta-voz de quaisquer interesses partidários, tomou, ontem, uma posição prudente: não desdramatizar - nem dramatizar. O tempo vai mostrar a justeza dessa posição de independência e de rigor. Por detrás da falsa capa da independência, muitos intervieram. Sem dados suficientes na mão, o DN relatou."
José Manuel Barroso, DN, 30/11/04

Se alguém me puder ajudar agradeço encarecidamente...
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