Defender a auto-regulação e recusar os provedores?

(Não há ninguém que não defenda a auto-regulação; mas quando se trata de dar o primeiro passo...)

Blogouve-se mudou para um endereço próprio: http://blogouve-se.com


Peço o favor de actualizarem as vossas bookmarks e eventuais links. e de continuarem a ler e a comentar na nova morada.

segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Porque ouvimos mal (3)

Na sequência deste e deste textos, aqui fica mais um contributo para uma das áreas menos estudadas da comunicação radiofónica:
Armand Balsebre recorre aos estudos de Abraham Moles para fundamentar aquilo que designa por “fenómeno psicoacústico da «fadiga auditiva»” . O autor espanhol diz que “alguns trabalhos efectuados com notas musicais de orgão demonstraram que «a atenção termina claramente depois de seis a dez segundos». A duração constante de uma mesma fonte sonora, sem alterações na sua modulação de intensidade ou melodia, gera o fenómeno psicoacústico da «fadiga auditiva», causando um grave prejuízo na atenção do receptor”*.
Obviamente que, sendo possível e desejável, do ponto de vista do jornalista, introduzir variedade/diversidade na elaboração das mensagens, de modo a “divertir” o ouvinte, quando se pensa em seis a dez segundos a missão torna-se quase impossível!

BALSEBRE, Armand, El Lenguaje Radiofónico, Madrid, Cátedra, 2ª edição, pág. 213.
Blogouve-se mudou para um endereço próprio: http://blogouve-se.com. Comente na nova morada.

"Doença prolongada"

José Mário Costa suscita, no Clube de Jornalistas, uma questão recorrente no jornalismo, mas nem por isso menos interessante - o que significa que a discussão é velha e continua por aparecer uma solução melhor.
"Morreu de doença prolongada", ouve-se repetidamente. Diz JMC: "Afinal, o que é, hoje, morrer de «doença prolongada», senão tudo e nada?".
Em abstracto concordo plenamente.
Mas o caso é mais complexo:
- a causa da morte não é, na maior parte dos casos, matéria que deva interessar ao público, situando-se, antes, na esfera pessoal e íntima - do morto e da família; é notícia que morreu, que foi de doença (e não de acidente ou suicídio) e nada mais (mais pode ser voyeurismo);
- a causa da morte pode não ser divulgada pela família e portanto só com uma (pequena ou grande) investigação é que saberá a verdadeira razão (há um certo pudor, por exemplo, à volta da palavra cancro, para já não falar de sida...);
- "doença prolongada" é uma solução de compromisso encontrada empiricamente e que, podendo provavelmente ser substituída por outra (porquê o prolongada? já é um lugar-comum), resolve o direito do público a ser informado com o dever de reserva da vida íntima a que os jornalistas estão obrigados;
Blogouve-se mudou para um endereço próprio: http://blogouve-se.com. Comente na nova morada.