Defender a auto-regulação e recusar os provedores?

(Não há ninguém que não defenda a auto-regulação; mas quando se trata de dar o primeiro passo...)

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segunda-feira, julho 04, 2005

(3 act) Ainda o "arrastão"

Através de dois comentários deste texto do Jornalismo e Comunicação, cheguei ao endereço da página criada por Diana Andringa, sobre o pseudo-arrastão (ela diz que é preciso inscrever este caso na história da manipulação de massas em Portugal).
Deixo-o ficar na esperança de que tenham mais sorte do que eu (que não consegui abrir): http://www.eraumavezumarrastao.net/

Fica, em alternativa, via irreal tv, o texto de Adelino Gomes, no Público de ontem.

Act a 5/7/05 (15h35): estou com azar, continuo sem conseguir abrir.

Act a 5/7/05 (19h34): Finalmente! E, depois de ver, deixo algumas (primeiras) ideias:
- Diana Andringa fala em manipulação. Mas, da mesma forma que não é possível conceber corrupção sem corruptor, quem é que manipulou? O empregado do bar que é entrevistado nos três canais e fala em arrastão ou a extrema-direita, para pretextualizar a manifestação racista? Francamente...
- Não há dúvida que a generalidade da comunicação social meteu água. Foi uma conjugação de sensacionalismo e de tabloidismo (e quando os dois se conjugam estamos no pior do jornalismo);
- Mas uma coisa é azelhice, falta de maturidade ou, mesmo, mau profissionalismo (que se manifesta na aceitação cega da ideia de "crime"), outra, bem diferente, manipulação! Eu vou mais pela primeira hipótese (nas três versões...)

PS - Obrigado a Diana Andringa, que dinamizou este exercício de jornalismo cívico. A SIC Notícias não organiza um debate sobre isto? (tem de ser um canal de televisão...)


Act a 7/7: Sugiro este texto de Joaquim Fidalgo no Indústrias Culturais: "(...) Modifica-se o trabalho dos jornalistas - e alarga-se esse tipo de trabalho a outros modos de fazer, digamos, não-jornalísticos. Não é preciso que tudo seja "jornalístico" para que seja "bom", no que respeita ao trabalho da informação no espaço público".
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O direito à última palavra?

O provedor dos leitores do DN aborda hoje, por conta de outro assunto, uma questão muito interessante: José Carlos Abrantes aplaude "o jornalista que não se arroga o direito à última palavra".
Estamos a falar das cartas ao director, em que - diz JCA - o jornalista está "sempre pronto para fechar as polémicas com uma última resposta".
A posição do provedor é, portanto, clara. No Livro de Estilo do Público defende-se uma opinião parecida.
A minha é diferente.
Há dois valores no jornalismo que prezo acima de muitos outros: a credibilidade e o respeito/compromisso pelos ouvintes.
Nesse sentido, a minha credibilidade como jornalista e a obrigação de prestar contas aos ouvintes fazem com que me sinta obrigado a responder, quando o texto de direito de resposta (ou outro) puser em causa a minha credibilidade junto dos ouvintes. Mesmo que isso signifique contestar todos os argumentos do queixoso. E que digam que quero ter a última palavra.

PS - Nesse sentido, acho limitadora a posição constante no artigo 26º da Lei de Imprensa (ponto 6): "No mesmo número em que for publicada a resposta ou a rectificação só é permitido à direcção do periódico fazer inserir uma breve anotação à mesma, da sua autoria, com o estrito fim de apontar qualquer inexactidão ou erro de facto contidos na resposta ou na rectificação, a qual pode originar nova resposta ou rectificação, nos termos dos n.os 1 e 2 do artigo 24.º"
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(corr) Camaradagem

Todos os dias há centenas (dezenas?) de iniciativas que não merecem cobertura por parte da generalidade da comunicação social.
Quatro razões:
- o assunto é interessante, mas esse OCS não tem repórteres suficientes;
- o assunto não é interessante;
- o (corr: Órgão de Comunicação Social) OCS não soube desse acontecimento porque a informação não lhe chegou (uma falha de comunicação, por exemplo);
- porque é um exclusivo dado a um determinado OCS;
Só nesta última circunstância (e não são todos os que o fazem) é que uma rádio, uma televisão ou um jornal anuncia aos seus destinatários que só ali é que podem ler, ver ou ouvir determinado conteúdo.
Por isso achei muito deslocado aquilo que ouvi no final da semana passada, a propósito de uma reportagem que a Antena Um fez, acompanhando a visita de um dirigente desportivo a uma delegação desse clube no Norte (que estava na agenda de qualquer OCS e não era, portanto, um exclusivo): "A Antena Um, a única rádio de Portugal a acompanhar a visita de... ".

Se cada rádio, jornal ou televisão dissesse uma coisa destas sempre que os outros não aparecem... Além disso, estamos perante uma reportagem banal (que tinha interesse, obviamente, como muitas outras), que não justifica esse tipo de observações. Mais que não seja, por camaradagem, acho eu!
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