Defender a auto-regulação e recusar os provedores?

(Não há ninguém que não defenda a auto-regulação; mas quando se trata de dar o primeiro passo...)

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domingo, março 19, 2006

(ACT) O protesto do ministro...

«Compreendo a necessidade de editar uma entrevista para respeitar o espaço disponível e eliminar marcas de oralidade. Mas não posso aceitar que a edição se faça à custa de transcrições erradas que do que afirma o entrevistado. E o caso é mais grave quando é o texto editado pelo jornal que passa a fzer, subsquentemente, fé, para os leitores e os restantes media. (...) Poderia, Sr. Director. multiplicar os exemplos. O ponto é que essas frases que me são inexactamente atribuídas são lidas e depois citadas como se fossem minhas (por oxemplo o Jornal de Ncgócios, de 14 de Março, cita a primeira e a terceira). E assim se cria uma cadeia de transcrições, citações e comentários que se instala como se repousasse sobre o mais objectivo dos rclatos quando, na verdade, se funda em equívocos e erros».
(Carta de Augusto Santos Silva, Público de 17/3/06, pág. 6)

ACT a 20/3: esta carta e a resposta de José Manuel Fernandes estão na íntegra aqui.
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... a resposta de José Manuel Fernandes...

«Pela primeira vez em mais de 150 entrevistas a este programa um entrevistado protesta - três dias depois - por se terem adaptado as suas respostas, tornando-as mais compactas. É significativo que tal estreia seja do ministro com a responsabilidade da comunicação social. Quanto ao conteúdo dos protestos os leitores podem avaliar a substância das diferenças e verificar se foi, ou não, respeitada a fidelidade ao pensamento do entrevistado (...) O primeiro passo a dar para condensar uma entrevista é cortar as repetições; o segundo é comprimir as perguntas dos entrevistadores, "limpando-as" do enquadramento necessário num meio audiovisual mas dispensável num jornal; o terceiro é, sendo fiel ao pensamento do entrevistado, retirar a retórica verbal conservando o essencial das respostas (...)»
(idem)
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(ACT) ... e algumas notas minhas

Devo dizer que a resposta de José Manuel Fernandes me surpreendeu. Genuinamente. É verdade que há muitos anos que não trabalho na imprensa portuguesa, mas sempre pensei que o poder de editar uma entrevista se traduzia na escolha das frases relevantes, mas não na capacidade de pôr na boca do entrevistado coisas que ele não disse exactamente dessa forma. E invoco em defesa da minha ignorância alguns textos que aqui escrevi, antes, sobre o mesmo assunto, com a mesma tese.
Mais, há muitos anos que escrevo regularmente para um jornal português de Macau e sempre entendi a edição dessa forma: escolher as partes mais interessantes/importantes, mas - do que é citado - traduzir com rigor (sobretudo questões com alguma polémica).
Provavelmente estou desfazado da realidade e tenho de re-aprender a fazer.

PS 1 - apreciei a disponibilidade do director do Público para dar (raros, na profissão) esclarecimentos técnicos aos leitores. O jornalismo não é uma coisa de jornalistas, é de todos os cidadãos que quiserem/puderem interessar-se.
PS 2 - O tema é tão interessante que, apesar dos dois textos aqui postos, sugiro, sobretudo aos estudantes de jornalismo, uma leitura na íntegra CORR(não online) disponível aqui.
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