Defender a auto-regulação e recusar os provedores?

(Não há ninguém que não defenda a auto-regulação; mas quando se trata de dar o primeiro passo...)

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quarta-feira, dezembro 26, 2007

Objectividade (uma palavra faz a diferença)

Quando, há mais de 20 anos, estudava jornalismo, tinha professores que afirmavam a ditadura da objectividade e outros - como Carlos Magno (faça-se essa justiça) - que nos alertavam para a subjectividade do jornalismo.

Ontem, ao ler o JN, encontrei um pequeno-grande exemplo - que até podia ter sido escrito por mim. Aquele «mais» mostra o que a jornalista pensa sobre o assunto. Aquele «mais» é a notícia. Aquele «mais» é um sinal de como o jornalismo não é nem pode ser objectivo - pode e tem de ser honesto na relação e equidistante no tratamento, mas nunca objectivo.

A notícia é esta:
«A Câmara Municipal de Matosinhos prepara-se para dar mais 503,8 mil euros ao Leixões Sport Club. (...) Recorde-se que, há dois anos, a Autarquia decidiu injectar mais 600 mil euros na SAD do Leixões, depois de ter entrado com 200 mil em 2002. (...)» (PS - o injectar, que eu talvez não usasse, também é um sinal claro do que foi dito antes).
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Propaganda, dinheiro fresco e credibilidade

Partindo do pressuposto de que este acordo não passa pela área editorial (porque isso muda o contexto - e é mais grave), quando é que os nossos autarcas aprendem que o que as populações precisam é de informação, não de propaganda? Uma frase como esta oferece as maiores dúvidas: «em troca, o canal compromete-se a transmitir 150 vezes por ano "programas informativos de índole social, cultural, promocional ou turística"».
Já não bastam os boletins municipais e outro tipo de publicidade? Admito que as autarquias possam gastar dinheiro a comunicar, através dos seus meios, as suas iniciativas. Mas usar a comunicação social, comprando espaço, é desvirtuar a própria ideia de liberdade de expressão.
Ao Porto Canal, embora imaginando que o dinheiro fresco possa dar jeito, uma coisa como esta é péssima, se vista a médio, longo prazo (na sua credibilidade como órgão de comunicação social). Depois de Matosinhos, fará com outras autarquias? Qual a margem para escrutinar aquilo que é dito nesses tempos de antena? E os telespectadores, serão informados de que não se trata de um espaço não-jornalístico?
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