Defender a auto-regulação e recusar os provedores?

(Não há ninguém que não defenda a auto-regulação; mas quando se trata de dar o primeiro passo...)

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segunda-feira, maio 09, 2005

Notas sobre a entrevista de Magalhães Crespo

Cumpro a promessa e deixo ficar uma opinião mais definitiva sobre este caso:
Ouço todos os dias a Renascença, a diversas horas, e tenho do seu jornalismo uma ideia muito positiva. Não acho que, globalmente, se perceba o sujeitar a uma missão - considero-a isenta e na maior parte das vezes completa (só não o será mais por falta de tempo para desenvolver alguns temas).
Então qual é a "crise"?
Levadas à letra, as declarações de Magalhães Crespo seriam incoerentes: um jornalismo de "missão" não permite uma informação "isenta (...) e objectiva".
Eu não acho que a redacção da Renascença sinta que está sujeita a uma missão!

PS - Faço por vezes comparações de casos em concreto, mas nunca me atreveria a comparar o jornalismo da Renascença com o da TSF - os meus antigos camaradas que agora trabalham na Renascença continuam a ser os mesmos (bons) jornalistas.
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A posição de A Bola

A posição do jornal A Bola, anunciada hoje em primeira página, e que está aqui na íntegra, suscita - desde já - uma série de questões:
- É uma forma de censura? E, sendo assim, isso é legítimo?
- Como será concretizado? Sinalizando determinada declaração (espaço em branco) ou ignorando-a pura e simplesmente?
- Começa hoje? Nesse caso, as declarações de José Couceiro e Reinaldo Teles, ontem no final do jogo (pág.8) não se enquadram? E o texto "Proença sob fogo" (pág. 29)?
- Porquê (apenas) uma semana? Tem um objectivo simbólico ou é para prosseguir, sendo uma experiência?
- Visa apenas provocar a discussão ou pretende ser mais consequente e profunda?

A iniciativa é tão insólita que fará sentido ver como evolui para uma opinião mais a sério.
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O texto de A Bola na íntegra

«A Bola» e a semana do futebol
O descontentamento foi-se generalizando, muitos dirigentes desportivos, no desempenho das suas importantes funções, foram perdendo o sentido do rigor, do bom senso e até das suas próprias responsabilidades desportivas e cívicas; os processos judiciais, ainda em desenvolvimento, vieram reforçar a dúvida quanto à honestidade do jogo e à transparência dos resultados; a arbitragem viu a sua credibilidade dizimada; os jogadores foram atirados para um estúpido degredo social, evitando a todo o custo qualquer discurso além do entediante lugar-comum; os técnicos vivem a amargura da necessidade do resultado imediato, como factor decisivo de sobrevivência profissional.
Ajudou-se, assim, a instalar um ambiente de guerrilha crónica, aqui e ali caótico na discussão, que agride quem gosta de futebol e, acima de tudo, paralisa a evolução do jogo e desrespeita a natural vocação dos estádios como espaços de festa e lugares de entretenimento, propícios, pois, a ser usufruídos pelas famílias, por crianças, por adolescentes e por adultos.
A tudo isto não queremos, nem podemos, ficar indiferentes. Por isso, A BOLA decidiu não pactuar com este estado de coisas, assumir-se como forte opositora da guerrilha institucionalizada no futebol e lançar o desafio do arranque de um movimento verdadeiramente regenerador, capaz de devolver ao jogo a sua alma, a sua essência de espectáculo mítico, vibrante, emotivo, apaixonado, mesmo. Capaz de defender o futebol português dos ventos da violência e da acção manipuladora do espectáculo.
Por isso A BOLA decidiu lançar esta semana, e, não por acaso, a semana de um jogo que será certamente decisivo para o título, como a SEMANA DO FUTEBOL.
Ao longo da semana, A BOLA compromete-se a não publicar, por opção editorial, todas as afirmações, venham de onde vierem, de dirigentes, de treinadores, de jogadores, de árbitros e até de colunistas, que de forma directa e declarada optem por expressões, atitudes, ou comportamentos que apelem à violência, ao desrespeito por princípios éticos desportivos ou à dúvida infundada sobre a integridade moral e cívica de qualquer cidadão que, por qualquer forma, seja protagonista no grande jogo ou em qualquer outro jogo da jornada.
Esta é a nossa decisão, amadurecida e desde já anunciada pela razão prioritária da relação de A BOLA com os seus leitores. Não seremos, pois, por decisão própria, veículos da violência verbal, da suspeição, da manipulação de todos os que entendem que tudo vale para atingir os fins, e que esperam, por isso, usar e abusar da imprensa desportiva.
Fazemo-lo em nome da defesa dos mais legítimos direitos de cidadania dos intérpretes do espectáculo; em defesa dos valores éticos e desportivos essenciais à credibilidade do jogo de futebol; em defesa da honestidade na relação com os nossos leitores, a quem certamente não servimos se nos conformarmos com a missão de meros agentes no acto premeditado da manipulação; mas, acima de tudo, creiam, tomámos esta opção em defesa do respeito que todos nós, aqui em A BOLA, temos por nós próprios.
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