Defender a auto-regulação e recusar os provedores?

(Não há ninguém que não defenda a auto-regulação; mas quando se trata de dar o primeiro passo...)

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quinta-feira, julho 07, 2005

O lado mau do jornalismo

Era uma vez um jornal que obteve uma boa dica: há um ministro que tem 11 motoristas, sendo que cinco deles estão ao seu serviço. Um ministro com cinco motoristas?! Francamente. Que desperdício dos dinheiros públicos!
Vai daí faz-se uma notícia, mas desvalorizando completamente a consulta ao visado.
Poucas horas depois, o ministro reage e explica que, afinal, até tem menos motoristas do que o seu antecessor. E dos cinco, só um está ao seu serviço.
No dia seguinte, o mesmo jornal tem de fazer uma nova notícia com a versão do visado e o título já é "Costa só usa um ministro".

Notas minhas:
- Não sei quem tem razão, mas teria sido melhor jornalismo se as explicações do visado tivessem aparecido na primeira (e porventura última) notícia;
- O ministro ter cinco motoristas é claramente notícia; já ter um...
- O ministro ter mais motoristas do que o antecessor é notícia; ter menos...
- A notícia original inclui mais uma "bicada" ao ministro: teria ido de automóvel para uma reunião a 250 metros; afinal a versão do ministro é completamente diferente (estava noutro local, mais longe...);
- O primeiro texto tem, na minha opinião, outro erro: usa uma fonte anónima para emitir um juizo de valor: "fonte do meio judicial, solicitando anonimato, considerou os onze motoristas “um verdadeiro exagero"
É por isso que falo no lado mau do jornalismo: o lado da precipitação, das fontes anónimas que instrumentalizam, da falta de equidade e de cuidado no tratamento das fontes;
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