Defender a auto-regulação e recusar os provedores?

(Não há ninguém que não defenda a auto-regulação; mas quando se trata de dar o primeiro passo...)

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quarta-feira, fevereiro 09, 2005

Cavaco, o Público e eu...

muito se escreveu sobre o caso, e talvez não haja nada mais a acrescentar, mas - já agora - gostava de partilhar com os eventuais leitores este caso: ontem estive a fazer os noticiários na TSF, a partir das sete da manhã. Quando li o título da primeira página do Público achei que tinha ali a notícia de abertura das várias edições, mas também estranhei o pouco destaque que (lhe) era dado. Depois fui à página 8 e fiquei desiludido: a notícia não tinha substrato! E ignorei-a durante toda a manhã (apenas foi referida na revista de imprensa).
Hoje vi que o Público voltou "à carga" e entretanto Cavaco desmentiu formalmente essa notícia.
Que conclusões?
- O Público sai muito mal deste caso (e é mau quando um órgão de comunicação social já não inspira total confiança, provocando, em alternativa, alguma reserva à partida);
- O Público perdeu muito mais do que eventualmente terá ganho (ganhou alguma coisa?);
- A partir do momento em que algum dos candidatos comenta a notícia do Público ela ganha uma dimensão difícil de ignorar; o que se traduz numa situação perversa: o facto, em si, não é notícia, mas o seu desmentido já será?
- O que é que o jornal vai dizer amanhã, depois do desmentido de hoje?
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A tentação pelo estereótipo!

(ouviu-se hoje, às nove da manhã): "Vamos visitar a ARCO, com um sabor a tequilla".
Porquê tequilla? Porque na ARCO (Madrid) deste ano o país convidado é o México!
Tem alguma coisa a ver? O cú e as calças...
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Sobre a campanha (e a opinião)

Vale a pena deitar atenção ao que a Renascença está a fazer com a campanha eleitoral. Não tenho propriamente a certeza se é a primeira vez, mas que é diferente, disso não tenho dúvidas: os repórteres que acompanham os principais partidos enviam os sons mais relevantes e depois fazem crónicas de campanha. Artigos de opinião, portanto.
Quem lê este espaço há mais tempo sabe que isso não é uma opção que, pessoalmente, eu defenda, mas vale a pena ouvir e reflectir sobre a coisa.
Assim à primeira vista, parece-me uma solução perigosa, porque os repórteres (como se tem ouvido) são tentados a entrar numa lógica de cinismo (sarcasmo, ironia ou apenas crítica, mas sempre com uma tónica negativa), que não é saudável. Por outro lado, dizer bem pode dar ideia de colagem (excessiva?).
Mas também não defendo o que se tem ouvido em muitas das peças da TSF e da Antena 1: essas peças são apenas lançamentos dos sons! Ou seja, não há um trabalho jornalístico completo, o repórter "demite-se" do seu papel de intérprete da realidade, limitando-se - como dizemos na nossa gíria - a "embrulhar".

A propósito, fui buscar isto ao Livro de estilo do Público:
"O jornalista X está encarregado de acompanhar todo o "dossier" Maastricht — especialmente "quente" com a questão pró e contra o referendo. O mesmo jornalista tem uma posição claramente militante sobre o referendo. Por isso, subscreve um abaixo-assinado público — e muito publicitado —, entre vários nomes activos e empenhados por uma das posições. Que, como é bom lembrar, dividem o "país esclarecido".
Como vai ser visto, doravante, o trabalho do jornalista X? Ficou ou não alterado (logo, desequilibrado) o seu relacionamento com as posições em confronto, em termos de acesso a informações e iniciativas? Como passa a ser visto o seu trabalho?
"

PS - se calhar não tem nada a ver, mas como se relaciona esta citação com os textos que, neste caso, os jornalistas do Público escrevem nos seus próprios blogues?

ACTUALIZAÇÃO a 11/2/05: Uma precisão: as tais crónicas, de acordo com uma informação que me chegou directamente da RR, passam apenas às 9 da manhã (e devidamente idenficadas como tal); no resto do dia, edições e mesmo jornais de campanha, prevalece a reportagem.

ACTUALIZAÇÃO a 15/2/05:
"Que os blogues tenham explodido não admira. Que tenham explodido entre os jornalistas também se percebe. Que a lógica displicente de produção de um blogue (que na origem é um diário pessoal) tenha penetrado no próprio jornalismo e no relato dos factos é mais grave. Mais do que relatores, os jornalistas tornaram-se comentadores, fontes de apartes, piscadelas de olho e cotoveladas cúmplices no leitor. Como esta campanha eleitoral mostrou à saciedade (mas já vem de longe), os jornalistas têm uma dificuldade cada vez maior em guardar para si próprios os seus sentimentos e conjecturas, as suas opiniões ou os boatos de que têm conhecimento e acham que eles merecem a glória do blogue, quando não da radiodifusão ou da impressão. Seria bom que a sociedade se lembrasse de que tem o direito não só de criticar mas de exigir aos jornalistas rigor e responsabilidade".
José Vítor Malheiros no Público de hoje
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A proximidade como critério de notícia

... assim explicada pelo brasileiro Mário Quintana:

«A nós bastem nossos próprios ais,
Que a ninguém sua cruz é pequenina.
Por pior que seja a situação da China,
Os nossos calos doem muito mais...
»

(obrigado Hugo)
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