Defender a auto-regulação e recusar os provedores?

(Não há ninguém que não defenda a auto-regulação; mas quando se trata de dar o primeiro passo...)

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quarta-feira, janeiro 05, 2005

Jornalismo comparado (4) pode...

Dos jornais de hoje:
DN: "PT entra no capital do segundo maior grupo de media do Brasil"
Público: "PT passa a ter 21 por cento da «holding» que detém a «Folha de São Paulo»"
JN: "PT pondera entrar no Grupo Folha"
DE: "PT pode entrar nos media brasileiros"
JNegócios: "Portugal Telecom entra no segundo maior grupo de «media» brasileiro"

(uma nota suplementar, mesmo nos jornais da PT, tradicionalmente mais atentos/cuidadosos, há divergência de abordagem)
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Respeito pelos ouvintes

Um caso que aconteceu hoje na TSF:
No noticiário das 8.30 o editor anunciou que, daí a pouco, as eleições palestinianas seriam destacadas; alguns minutos depois, o animador voltou a fazer o mesmo (é uma forma de conquistar a atenção dos ouvintes, animando a emissão).
Mas chegou o noticiário das 9.00 e nada de eleições palestinianas. Em vez disso (por volta das 8.50), falou-se de justiça e de reforma da acção executiva. E nada foi dito, que explicasse.
O que aconteceu - soube depois - é que o directo combinado com um especialista em Médio Oriente abortou (por dificuldades de contacto) em cima da hora. A opção pelo tema da justiça foi um recurso de última hora - e não terá sido fácil "inventá-lo...".
O que surpreende - e partilhei estas reflexões com os meus camaradas de redacção - é que não tenha sido dito nada aos ouvintes: nem antes (se calhar difícil, por falta de discernimento) nem depois.
Vamos considerar que há ouvintes interessados (o contrário é perigoso...); vamos admitir que havia ouvintes despertos pelas duas referências anteriores. O que pensaram?
Ou achamos que os ouvintes são todos estúpidos ou então temos de os considerar mais...
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À procura da coloquialidade (no Brasil)

Uma das principais rádios brasileiras na área do jornalismo, a Rádio Gaúcha, acabou - num dos seus principais espaços, o "Correspondente Ipiranga" (às 8 da manhã) - com o modelo das notícias (chamam-lhe "sínteses noticiosas") lidas por um locutor.
Essa era a fórmula existente em Portugal até ao 25 de Abril de 1974, substituída pela liberdade dada aos jornalistas de rádio de falarem... na sua própria rádio!
Terminou assim o império das vozes "graves e sérias" (geralmente masculinas) que, se eram perfeitas e mesmo virtuosas (por exemplo na dicção/vocalização), se manifestavam distantes no registo.
No Brasil ainda vigora - nas principais rádios - a lógica de um locutor ler os textos escritos por outros. E a mudança da Gaúcha não se está a fazer sem polémica.
Alguns dos principais investigadores da "mídia sonora", agregados à volta do Intercom, têm discutido o assunto.
E se alguns como Luiz Artur Ferraretto aplaudem, "porque valoriza o papel do jornalista, a leitura pausada, a separação entre notícia e texto comercial (...), apostando na coloquialidade", outros, como Mágda Cunha, perguntam se "mudança de vozes é realmente mudança?".
Eu, que defendo a linguagem radiofónica construída com a preocupação de oralidade, gostei de ouvir. Mas noto algumas falhas: a identificação das vozes é feita apenas no final (o que pode levar os ouvintes a perguntarem "quem está a falar?"); só há vozes de homens nas notícias e, para não ser muito exaustivo, os "leads" dos pivôs são demasiado sintéticos (por vezes apenas uma frase)[faço aqui uma correcção ao texto original: quando digo que os "leads" são demasiado sintéticos quero dizer que há pouco texto do editor - às vezes, apenas uma frase; os "leads" podem e devem ser sintéticos, se o segundo parágrafo os complementar devidamente]. Boa dinâmica, bom ritmo e bom trabalho com os destaques que vão sendo metidos para refrescar a atenção das notícias seguintes!

Desenvolvimento a 7/1/05: "À procura do rigor (em Portugal)"
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