Defender a auto-regulação e recusar os provedores?

(Não há ninguém que não defenda a auto-regulação; mas quando se trata de dar o primeiro passo...)

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quinta-feira, março 23, 2006

(ACT) Sobre o provedor dos ouvintes da RDP

Algumas notas prévias:
- sou um ferveroso adepto do alargamento à rádio da função de provedor, neste caso dos ouvintes (relembro, só a título exemplificativo, este texto de 16 de Fevereiro de 2004); mais, tenho pena que a rádio onde trabalho não tenha feito essa opção até hoje;
- saúdo vivamente a decisão do governo (e, por extensão, da administração da RDP/RTP) de criar provedores para o serviço público e, agora, a formalização desses convites;

Mas devo dizer que fiquei surpreendido com a escolha de José Nuno Martins. Esperei 24 horas para escrever este texto, porque ele será provavelmente mal interpretado. Muito mais porque - já percebi - há uma unanimidade aplaudindo a escolha. Espero que José Nuno Martins me mostre que estou enganado quando digo que preferia alguém com um perfil diferente: alguém do jornalismo, com os olhos abertos para a programação, ou alguém das ciências da comunicação, com capacidade para problematizar (como penso que acontecerá com Paquete de Oliveira, na RTP).

Ao (primeiro) provedor pede-se que não seja um agente passivo relativamente à oferta radiofónica da RDP (ou seja, que não se limite a receber e a despachar as queixas dos ouvintes), mas alguém que tenha capacidade de provocar, de procurar, de questionar, até porque essas queixas serão provavelmente raras.

Será José Nuno Martins capaz disso? Espero sinceramente que sim, porque uma avaliação sobre os méritos e a continuidade da iniciativa não deixarão de ter em conta a forma como decorreu a primeira experiência!

ACT a 30/3/06: Não tem de ser jornalista, como é evidente. Eu preferia alguém com um perfil diferente do da programação. Só isso. Mas já agora sugiro este complemento.
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Uma edição muito especial...

... a de hoje do suplemento de economia do Diário de Notícias. As duas notícias mais fortes de ontem (a do selo automóvel e a da dívida de Carrapatoso) são desmentidas com dois esclarecimentos dos visados, o Ministério das Finanças e o próprio presidente da Vodafone.
No primeiro caso, já se percebera ontem que não era bem assim (porque não podia ser!) e no caso de Carrapatoso, este não só pagou como até vai ser reembolsado - apesar de subsistirem dúvidas sobre o comportamento da máquina fiscal, como lembra o editorial de Helena Garrido.

A conjugação destes dois casos foi certamente um acaso. Que não deixará de fazer pensar os seus jornalistas - o suplemento tem vindo a fazer um trabalho de qualidade, mas - se há lição a tirar (digo eu...) - é que mais vale perder uma hipotética notícia em primeira-mão do que ganhar um desmentido. Ou dois!

(para que fique claro, aqui está a comparação dos títulos:
ontem:
«Selo do carro vai ser pago pela Internet»
hoje:
«Finanças esperam por estudos»

ontem:
«Fisco deixou caducar dívida de Carrapatoso»
hoje:
«Carrapatoso pagou dívida de IRS, mas fisco vai devolver»)
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Para a definição de tabloidismo

«A "Time" fala de tudo o que é importante e a "People" de tudo o que importa pouco, mas interessa a toda a gente», diz John Huey, director editorial dos 151 títulos do grupo Time Warner Inc., no Courrier Internacional desta semana (onde também se diz que são os lucros da "People" que mais contribuem...).
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