Defender a auto-regulação e recusar os provedores?

(Não há ninguém que não defenda a auto-regulação; mas quando se trata de dar o primeiro passo...)

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terça-feira, julho 12, 2005

(2 Act) O caso GES/Impresa e a liberdade de expressão

Não escrever, enquanto a questão não estiver (mais) clarificada parece uma decisão sensata; Não escrever sobre um caso tão importante para o jornalismo português é quase uma cobardia.
Pendurado por estas duas forças, aqui ficam algumas notas (sem prioridades):
- O Grupo Espírito Santo tinha anunciado um corte na publicidade por discordar do artigo do editor de economia do Expresso Jorge Fiel a 24 de Abril do ano passado; afinal manteve a publicidade (act a 14/7: "A administração do Expresso decidiu prescindir da publicidade que as empresas do grupo Espírito Santo (GES) ainda mantinham no jornal", do Público de hoje);
- As empresas fazem publicidade porque precisam, porque pensam que será bom para a sua facturação/imagem; se deixam de fazer saem, teoricamente, prejudicadas; um corte na publicidade é sempre uma forma de pressão;
- Mas da maneira que o GES põe as coisas, é mais do que um corte na publicidade (cortar "todas as operações e relações comerciais");
- A denúncia do GES de que a Impresa o forçou a aumentar os investimentos publicitários nos órgãos do grupo é uma realidade nova (para mim). Isso existe? Se o caso chegar a tribunal, como está prometido, poderá saber-se mais.
- Conheço muito bem Jorge Fiel (de quem sou discípulo) e tenho uma grande respeito por Nicolau Santos. Não acredito que quelquer um deles tenha alinhado numa estratégia dessas;
- Posso estar a ver mal, mas este caso é um elogio à liberdade de expressão em Portugal. Só existe porque ela funciona. O Expresso não deixa de publicar o que acha que deve fazer*; o GES reage da forma que entende ser melhor para os seus interesses.
- ACT a 14/7: O Expresso mandou ao Brasil, para investigar a história, Nicolau Santos (dizem o Público e o JNegócios):
- Por falar em Jornal de Negócios: hoje são duas páginas; no Diário Económico nem uma linha. ALguma coisa não está bem.


* A notícia do Expresso ("BES envolvido no mensalão") está bem defendida. Era notícia. E será inatacável em tribunal, penso. Act a 14/7 - Paulo Padrão, director de comunicação, no Público de hoje: "no caso do assunto noticiado pelo Expresso, tive oportunidade de enviar à jornalista que nos contactou uma notícia publicada no Brasil (no jornal Estado de São Paulo) em que o IRB (entidade com que supostamente o GES teria relações) desmentia oficialmente qualquer relação com o GES. Foi solicitado ao Expresso que essa informação fosse incorporada na notícia para total esclarecimento dos leitores, o que não veio a acontecer".

ACT a 15/7: Pacheco Pereira na Sábado de hoje: "Não discuto sequer o conteúdo dos comunicados, sendo no entanto este sobre a retirada de publicidade do GES no grupo Impresa, uma demonstração clara (e um aviso para quem se sinta avisado) da correlação entre a atribuição de publicidade e o «bom comportamento noticioso», que roça a ameaça".
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Arrastão de jornalistas na PGR

"O procurador-geral adjunto Domingos Sá acusou cerca de meia centena de jornalistas por violação do segredo de justiça devido a notícias relacionadas com a investigação da Casa Pia"
(Público de hoje, pág. 9)
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