Ainda os relatos de futebol
O tema voltou à actualidade por causa do texto do Público de hoje: "Comissão da Carteira [Profissional de Jornalistas] quer relatos feitos só por jornalistas".
Ali, como aqui, se fala em "acto jornalístico" e se o relato o é ou não.
Na minha opinião, não é porque não consegue ser. E não vale a pena enganarmo-nos - como parece acontecer com esta declaração de Alfredo Maia: «O presidente salientou também as obrigações éticas e deontológicas dos relatores, reconhecendo a existência no desporto de "um factor de emoção preponderante", que deve apelar a um esforço dos profissionais para garantir a equidistância face aos campos em causa.»
Embora as motivações sejam certamente diferentes, estou com o presidente da APR:
«Segundo o presidente da APR, José Faustino, "à luz do nosso código deontológico, os relatos não são actos jornalísticos" porque fazem apelo à emotividade. "Num jogo da selecção nacional, por exemplo, não se espera que um golo de Portugal seja relatado com o mesmo entusiasmo de um golo do adversário." Para aquele responsável, os relatos devem poder ser feitos tanto por jornalistas portadores de carteira profissional, como pelos que não estão abrangidos por este tipo de credenciação. "O que está em causa é a forma como o relato é conduzido. Um jornalista com carteira tem obviamente outra responsabilidade, e a obrigação acrescida de garantir a imparcialidade".»
Ou seja, preparamo-nos para mais uma decisão tomada sem ter em conta a realidade, e continuaremos, alegres e contentes, a achar que podemos fazer jornalismo durante o relato de futebol!
ACTUALIZAÇÃO a 29/12: Além dos comentários que entendeu colocar neste texto, Rogério Santos volta ao tema no seu Indústrias Culturais.
Ali, como aqui, se fala em "acto jornalístico" e se o relato o é ou não.
Na minha opinião, não é porque não consegue ser. E não vale a pena enganarmo-nos - como parece acontecer com esta declaração de Alfredo Maia: «O presidente salientou também as obrigações éticas e deontológicas dos relatores, reconhecendo a existência no desporto de "um factor de emoção preponderante", que deve apelar a um esforço dos profissionais para garantir a equidistância face aos campos em causa.»
Embora as motivações sejam certamente diferentes, estou com o presidente da APR:
«Segundo o presidente da APR, José Faustino, "à luz do nosso código deontológico, os relatos não são actos jornalísticos" porque fazem apelo à emotividade. "Num jogo da selecção nacional, por exemplo, não se espera que um golo de Portugal seja relatado com o mesmo entusiasmo de um golo do adversário." Para aquele responsável, os relatos devem poder ser feitos tanto por jornalistas portadores de carteira profissional, como pelos que não estão abrangidos por este tipo de credenciação. "O que está em causa é a forma como o relato é conduzido. Um jornalista com carteira tem obviamente outra responsabilidade, e a obrigação acrescida de garantir a imparcialidade".»
Ou seja, preparamo-nos para mais uma decisão tomada sem ter em conta a realidade, e continuaremos, alegres e contentes, a achar que podemos fazer jornalismo durante o relato de futebol!
ACTUALIZAÇÃO a 29/12: Além dos comentários que entendeu colocar neste texto, Rogério Santos volta ao tema no seu Indústrias Culturais.
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