Defender a auto-regulação e recusar os provedores?

(Não há ninguém que não defenda a auto-regulação; mas quando se trata de dar o primeiro passo...)

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quarta-feira, janeiro 18, 2006

ACT: Uma crónica como espaço publicitário

O novo provedor do Público não podia ter começado melhor - e não me refiro à qualidade do texto, à sua metodologia ou às conclusões, mas sim ao tema.
Rui Araújo trata de um dos mais terríveis - porque indefinidos - temas da actualidade no jornalismo contemporâneo: a mistura de conteúdos jornalísticos e publicitários (o assunto já tinha sido comentado na blogosfera, por exemplo aqui).

Os leitores mais fieis sabem que este é um tema recorrente neste blogue: defendo uma separação clara entre mensagens, mas não sou um ortodoxo, porque as receitas não garantem apenas a independência jornalística - garantem a viabilidade dos projectos.

No caso em concreto, o Público garantiu duas crónicas sobre o Lisboa-Dakar propostas por patrocinadores, sendo que uma (a de Carlos Sousa) ainda se podia considerar como de interesse jornalístico (o melhor piloto português), mas a da Margarida Pinto Correia era pura publicidade* - o provedor recomenda ao jornal que isso fique bem claro, em situações futuras!

Penso que Rui Araújo concorda com esta ideia: quanto mais publicidade melhor (sobretudo quando há pouca...), mas que ela não se travestize de jornalismo!

* Não foi apenas no Público que isto aconteceu: para que fique claro, a minha observação é geral; no Público o assunto foi discutido.

ACT a 23/1/06: "Em concreto, o senhor da Precision acha a coisa mais natural do mundo que uma empresa que não é de jornalismo possa não apenas fazer pretenso jornalismo (visto tratar-se de uma forma capciosa de fazer publicidade), mas também impor como jornalismo aquilo que faz. A carta do tal senhor - e os termos do contrato que terá feito com o Público - vêm dar razão ao que escreveu há oito dias Rui Araújo. Mas a questão não acaba aqui. No texto do administrador da Precision afirma-se, embora sem concretizar, haver no Público reportagens que terão servido para "rentabilizar investimentos". Um assunto que merecia a pena ser esclarecido".
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(ACT) Ao menos que saia bem

No dia 6 de Janeiro a BBC noticiou (entre outros meios) que um ouvinte morrera em directo durante um programa de rádio em Liverpool;

No dia 14 soube do caso e fiz um texto neste blogue;

Ontem, 17, o DN publicou esta notícia (pág. 41): "Um ouvinte de uma rádio do Reino Unido morreu sexta-feira [dia 13?] enquanto participava num directo num programa. O homem, de 60 anos, foi vítima de um ataque cardíaco. Quando a chamada ficou suspensa, o apresentador ligou à polícia e dirigiu-se para casa do ouvinte, onde já estavam os médicos".

um comentário meu: para que fique claro, a questão do plágio nem se coloca, porque me limitei a referir uma informação da BBC; mas por que é que o DN publica a 17 uma notícia que aconteceu a 5 de Janeiro (uma quinta...)? Coincidência? Quando se copia, ao menos que saia bem!

ACT a 19/1 só para isto: este caso mostra uma outra coisa, a diferença entre um jornal e um blogue (era preciso?): um jornal não publicaria uma notícia com 11 dias de atraso [exemplo disso mesmo, a notícia do DN, que diz "sexta-feira": ou foi distracção/incúria ou a palavra foi colocada lá para justificar a própria notícia], a não ser que fizesse uma abordagem diferente (interpretativa); num blogue, que não faz jornalismo, a actualidade não é critério e mesmo a novidade é muito menos importante.
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