Defender a auto-regulação e recusar os provedores?

(Não há ninguém que não defenda a auto-regulação; mas quando se trata de dar o primeiro passo...)

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segunda-feira, novembro 07, 2005

Quando a publicidade se confunde com o jornalismo

Na página 45 do Público de ontem:
"Volto Ocean Race estreia frota VO 70 em águas galegas"
Depois, ao longo de uma página, a jornalista enviada a Vigo (onde a prova começou) descreve as incidências da competição de veleiros.
No final da página, um "rodapé" publicitário da Volvo, com referência à "Volto Ocean Race, 2005-2006".

Lembram-se das primeiras páginas azuis? Nesse caso defendi que havia uma separação de mensagens. Já tenho dúvidas neste caso: o anúncio publicitário não é um prolongamento do texto jornalístico? Caso contrário estava noutra página...
Qual é a vantagem para o leitor nessa coincidência? Só o anunciante ganha! E se isso acontece estamos a confundir mensagens...
Um jornalista tem a mesma independência para escrever quando há um patrocínio que, provavelmente, condiciona a existência da própria reportagem?
Não tenho respostas, mas tenho muitas dúvidas!

PS - a única foto é de um veleiro, em que se pode ler "volvo ocean race". Mas já me parece que isso é natural.
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O Expresso, Cavaco e Belmiro

Em 3 de Setembro escrevi isto. Dois meses depois, Belmiro anuncia o apoio a Cavaco Silva e o Expresso cobrou, este sábado, a violenta carta de Belmiro e as várias críticas feitas ao jornal ("alguns desmentidos a notícias do Expresso acabam, eles próprios, mais tarde ou mais cedo, por ser desmentidos pelos factos").
O jornal diz mesmo que, na altura, só publicou a informação "com a certeza e a segurança de a termos confirmado".
O que pensar?
Sinceramente, sinto-me um pouco confuso. Mas eis algumas ideias:
- Belmiro contestava que já tivesse decidido ou manifestado o apoio; das duas uma: ou o Expresso jogou na lotaria (50 por cento de hipóteses de acertar, coisa que o texto de José António Lima obviamente desmente) ou Belmiro, de uma forma ou de outra, meteu água; de qualquer forma, o Expresso sai por cima e Belmiro parece ter dado um tiro no próprio pé!
- Mantenho as minhas críticas, que nesta altura são de mero pormenor: o Expresso deveria ter tratado a carta de Belmiro de outra forma; também acho que devia ter dado, na altura, alguma explicação aos seus leitores;
- O Expresso não tem "boa imprensa"! É um fenómeno interessante para se perceber melhor, mas parece-me que há muito mais tolerãncia (empatia?) para com outros jornais, rádios ou mesmo televisões do que para com o semanário;
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CVM x 500

Está na hora de mais um Pessoal e Transmissível, o nº 500.
O número, tão redondo, merece só por si destaque (pela persistência e pela aposta). Outra nota para o notável trabalho do Diário de Notícias de hoje, que não está on-line: em duas páginas, cinco entrevistados de Carlos Vaz Marques fazem perguntas ao jornalista da TSF - que responde!
Mas não quero deixar de fazer algumas notas sobre o programa:
- CVM afinou um estilo, que talvez se possa caracterizar desta forma: muito bem informado sobre os entrevistados, faz as perguntas com um sorriso, assumindo uma posição de quase-confidente e amigo (ou pelo menos próximo);
- As entrevistas não se destinam a produzir notícia, mas muitas vezes são notícia pela qualidade/impacto dos entrevistados;
- CVM faz tudo sozinho (nomeadamente as entradas, que não resultam do acaso, ou as saídas casando com a publicidade - tudo aquilo tem uma lógica evidente);
- CVM é aquele que revela os convidados, que os convida a abrirem-se, com intervenções muito curtas, na linha de Ana Sousa Dias; ambos representam uma forma de fazer entrevista - curiosa mas não tanto combativa;

Longa vida ao camarada CVM!
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