Defender a auto-regulação e recusar os provedores?

(Não há ninguém que não defenda a auto-regulação; mas quando se trata de dar o primeiro passo...)

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quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Um caso exemplar: um jornalista longe demais

É, no mínimo, um caso exemplar: o presidente do Beira Mar desmentiu, numa carta enviada a A Bola, uma notícia assinada por um jornalista deste diário.
O presidente do clube de Aveiro reproduz determinadas frases e nega que as tenha dito; o jornalista responde e reafirma, com base numa gravação.
Quem tem razão?
Os dois. Ou nenhum!
É que o que o jornalista de A Bola fez foi reproduzir as palavras do dirigente desportivo numa conferência de imprensa, mas não com "as palavras exactas - a expressão falada não é obviamente tão escorreita que possibilite uma simples transcrição" (como o próprio explica).
Vai daí o jornalista, respeitando o essencial, alterou. E deu azo a que o presidente do Beira Mar protestasse.
Um exemplo:
- o dirigente nega que tenha dito, como veio publicado, que "quem ganha os jogos são os que tiverem os favores dos árbitros"; o jornalista diz que "de facto as palavras foram": "vai ganhar quem tiver sorte, ou seja, para o lado em que o árbitro acordar".
(mais detalhes na página 31 do jornal de 17 de Fevereiro)
O que dizer?
O jornalista foi longe demais. Mas é óbvio que o espírito das palavras do dirigente está lá. Deu, no entanto, azo a que surgisse o protesto.
E também não é verdade que não se possa fazer uma transcrição exacta; as alterações devem ser gramaticais e devem destinar-se a retirar repetições. Não compete ao jornalista julgar a capacidade verbal de cada protagonista!
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O lado mais negro do jornalismo

O JN de hoje dá conta do início do julgamento que opõe Ferro Rodrigues, Paulo Pedroso e Vieira da Silva a O Independente - o jornal disse que estes dirigentes socialistas abiam há muito dos abusos sexuais na Casa Pia.
Ontem, no tribunal, "os jornalistas assumiram que tinham sido enganados [pela fonte], que teria afirmado ter dado conhecimento às autoridades de uma série de provas, que afinal nunca juntara".
Há duas coisas a dizer, para já:
- em assuntos que envolvam gravemente a honra de alguém não basta uma denúncia (ainda que identificada) de alguém, é preciso que os jornalistas confirmem alguma das provas;
- depois do jornal ter percebido que se enganara, deveria ter feito - com o mesmo destaque da notícia original - um desmentido/explicação;
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