Defender a auto-regulação e recusar os provedores?

(Não há ninguém que não defenda a auto-regulação; mas quando se trata de dar o primeiro passo...)

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segunda-feira, outubro 23, 2006

ACT A Lux...

acha que «numa situação como esta, em que ambos fizeram questão de estar presentes, não se compreende porque é que insistem em estratégias para não falarem um com o outro em público, nem mesmo para se cumprimentarem. Por mais cioso que o primeiro-ministro seja da sua vida privada, tem obrigação de dar satisfações a quem governa. Por toda a Europa e no mundo, os líderes políticos dão provas de bom-senso e falam abertamente da sua vida pessoal, quando se justifica. Sabem que na maior parte dos casos, uma declaração é suficiente para calar especulações, esclarecer jornalistas e, mais importante, os eleitores. Há quem avance outras teorias: será uma forma pensada para manter o secretismo do namoro na ordem do dia ou, por outro lado, é sinal de que as coisas já não correm sobre rodas?» (na última Lux; sublinhados meus)

A propósito:
«(...) houve um tempo em que as pessoas -- pelo menos certas pessoas -- prezavam tanto a sua vida privada que eram capazes de fazer esperas a directores de jornais onde se publicavam mexericos sobre a dita para tirar desforço da coisa e lhes oferecer (e, parece, dar) pancada. mas devo estar a fazer confusão -- não podem essas certas pessoas ter feito isso em tempos e agora considerar que os outros não só não têm direito a vida privada como têm o dever especial de a não ter.não, deve ser confusão minha: isso seria demasiado iníquo»

ACT a 27/10/06: «Tudo começou no Expresso de 14 de Outubro, há apenas 10 dias. É verdade que já havia nas revistas do coração e nos tablóides uma exploração do mesmo tema, mas nunca tinha chegado à imprensa que se pretende séria e responsável (...). O título do 'casal' não tinha qualquer relevância jornalística, destinava-se apenas a alimentar o voyeurismo de um público que respeita ou nada a privacidade alheia (...) aquele título abre as comportas a uma enxurrada que, a partir da intromissão da privacidade inicial, normaliza o delito» (Pacheco Pereira no Público de 26/10/06, «A degradação da privacidade e da intimidade»)
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A responsabilidade nas cartas dos leitores

A revista Xis é imperdível ao nível das cartas dos leitores.
Desta vez é suscitada uma questão muito interessante: na semana passada foi publicada uma carta de um leitor que acusava de inércia (incompetência?) uma juiz(a) de um tribunal de Sintra (devidamente identificada), num processo de recusa de paternidade.

Nesta semana a citada juiz(a) exerce um direito de resposta em que acusa a revista «pelo esquecimento das mais elementares regras da ética jornalística, que permitiram a publicação de um artigo em que nomeia um determinado juiz, sem que o jornal em causa haja curado de o contactar previamente, ou de assegurar da veracidade do respectivo conteúdo».

Resumidamente, a juiz(a) explica que só tem o processo há um ano, nega as acusações feitas na carta original e explica que a demora se deve às possibilidades permitidas pelo «ordenamento jurídico português». Conclui, acusando a directora da Xis e o director do Público de negligência e falta de rigor profissional.

Devo dizer que, na semana passada, quando li a carta acusatória («assinada por um leitor devidamente identificado», diz Laurinda Alves) fiquei surpreendido. Depois da resposta da juíz(a) fiquei interessado em desenvolver a questão: deve um jornal publicar uma carta de um leitor sem averiguar a veracidade do que lá é dito (Laurinda Alves reconhece que a única coisa que fez foi confirmar que aquela juiza tinha o processo em causa), baseado no princípio de que «o conteúdo é da inteira responsabilidade de quem a assina» ou, como numa notícia, deve aplicar os mesmo cuidados/princípios? Inclino-me para a segunda, mas reconheço que é uma coisa nova (para mim).
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