Defender a auto-regulação e recusar os provedores?

(Não há ninguém que não defenda a auto-regulação; mas quando se trata de dar o primeiro passo...)

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quinta-feira, junho 15, 2006

ACTx2 «A rádio que liga... o Brasil»?

Do meu ponto de vista, não é serviço público o relato, directo e integral, do jogo do Brasil feito esta semana pelo principal canal de rádio desse mesmo serviço público, a Antena 1.
Do meu ponto de vista, o principal canal da rádio do Estado português não pode ocupar duas (mais?) horas da sua emissão com o relato de um jogo do Brasil - não é adversário de Portugal, não é a meia final, não é a final.
Não contesto as horas que a Antena 1 está a dedicar ao Mundial de Futebol, sobretudo quando assentes na selecção nacional (embora se possa considerar um exagero para um canal que se afirma generalista e é... de serviço público). Contesto a perda de referências na rádio que deveria (tinha que) ser um padrão para todas as outras.

PS - Há uma diferença muito importante entre o serviço público da televisão e o da rádio - este, não precisando de publicidade, não precisa de lutar pelas audiências; e se não precisa de publicidade é porque se entende(u?) que deveria manter uma programação diferente.

ACt a 19/6: Paulo Sérgio, o subdirector da RDP com o pelouro do desporto (e, portanto, a coordenar toda a operação na Alemanha) contactou-me, explicando que o relato do Brasil se faz numa lógica de serviço público para a comunidade imigrante brasileira e numa aposta de lusofonia, transmitindo o mundial para os países africanos de língua oficial portuguesa, o que - diz o Paulo - acontece pela primeira vez na história da rádio em Portugal.
(Aproveito para esclarecer uma coisa: não acredito que o relato do Brasil na Antena 1 signifique boas audiências. Mas não é essa a questão essencial - mais 1 ou mais 100 mil ouvintes, o que me motiva é perceber o que será o serviço público de radiodifusão em Portugal).
Nem de propósito: «A falta de coragem em assumir o custo social de ter um serviço público de televisão arrasa com qualquer tentativa séria e coerente de fazer uma programação cuidada e de referência, por maior que seja a vontade e empenho dos seus responsáveis. Na realidade, inviabiliza que o serviço público se torne instrumental na definição de uma paisagem audiovisual diferente, mais completa e dinâmica. Os responsáveis do serviço público vivem a disputar lideranças de audiências para melhorarem o valor dos seus espaços comerciais» (obrigado FRC). A questão é que a rádio pública não tem publicidade. Se tivesse seria a mesma coisa?

ACT a 21/6: «Transmitir os relatos daquelas selecções é uma forma que a Antena 1 encontrou para integrar aquelas comunidades. Se não for a Antena 1 quem o fará?Ser a rádio pública portuguesa a transmitir os relatos das selecções do Brasil ou de Angola é uma consequência do alheamento que a Lei da Rádio em Portugal insiste em cultivar, ao não prever uma série de formas alternativas de comunicação que a rádio poderia disponibilizar»
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