Defender a auto-regulação e recusar os provedores?

(Não há ninguém que não defenda a auto-regulação; mas quando se trata de dar o primeiro passo...)

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segunda-feira, dezembro 13, 2004

Faz sentido? (1)

A minha concepção do jornalismo - a minha e a de muitos, acredito - não é compatível com órgãos de propaganda;
A lei, em alternativa, permite e enquadra essa possibilidade - a lei, se calhar precisa de uma revisão...
E, na posse de todos os seus direitos, qualquer jornalista se pode candidatar aos órgãos sindicais da classe.
Não é por eu não gostar...
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Faz sentido? (2)

Características do jornalismo praticado no "Avante" ("propriedade do Partido Comunista Português; direcção e redacção: Partido Comunista Português", tal como se lê na ficha técnica)*:
- Sem lugar ao contraditório; seja o PCP, sejam sindicatos, apenas são transcritas as posições da parte promotora; nunca dos eventuais visados;
- Tom apologético ao Partido, nos textos noticiosos: "Comunistas, progressistas e democratas saúdam XVII Congresso" ou "o que mais vincadamente se recorda é o forte sentimento de se haver contribuído para mais um passo na história de uma luta ao serviço dos trabalhadores e do povo" são apenas dois exemplos;
- Insistência em determinados temas, apenas os que fazem a agenda do PCP (seja a nível social, político ou internacional);
- Evidente mistura de factos e opinião, por exemplo nos títulos: "O inequívoco voto contra do PCP" é um exemplo; outro "Idosos merecem viver com dignidade"; E estes títulos não aparecem como citações atribuíveis a alguém...

* lida a edição de 9/12/04
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Faz sentido? (3)

Se considerarmos a definição de jornalista, impressa no Estatuto do Jornalista, um jornalista do "Avante", "Acção Socialista" ou "Povo livre" pode ter a sua carteira profissional:
"1 - São considerados jornalistas aqueles que, como ocupação principal,
permanente e remunerada, exercem funções de pesquisa, recolha, selecção e
tratamento de factos, notícias ou opiniões, através de texto, imagem ou som,
destinados a divulgação informativa pela imprensa, por agência noticiosa,
pela rádio, pela televisão ou por outra forma de difusão electrónica.
2 - Não constitui actividade jornalística o exercício de funções referidas no
número anterior quando desempenhadas ao serviço de publicações de natureza
predominantemente promocional, ou cujo objecto específico consista em
divulgar, publicitar ou por qualquer forma dar a conhecer instituições,
empresas, produtos ou serviços, segundo critérios de oportunidade comercial
ou industrial
."
Ou seja, é a formulação em causa que legitima essa atribuição.
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De que é que trata uma revista

que se chama Tv Top?

De televisão não é...

ACTUALIZAÇÃO surpreendente a 17/12/04: Impala desiste de editar nova revista
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Quanto mais se falar...

O PP espanhol já o considerou uma manobra de propaganda, mas o "Código para o Bom Governo" já aprovado por Zapatero é um contributo para criar um novo relacionamento entre poder, comunicação social e povo.
Pode não sair do papel, podem ser apenas normas bem intencionadas ou pode não passar de relações públicas, mas quanto mais se falar nestas coisas mais consciência colectiva haverá.
Um exemplo (cito do Jornal de Negócios): "Os altos cargos facultarão informação aos cidadãos e aos meios de comunicação social acerca do funcionamento dos serviços públicos de sua incumbência e, quando realizarem campanhas de informação, fa-lo-ão evitando qualquer subversão do seu conteúdo informativo".

Em alternativa, eis outra forma de obrigar os governos a serem mais transparentes...
(dica Ponto Media)
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Um caso muito concreto

de jornalista-assessor-jornalista é contado por José Mário Costa no portal do Clube de Jornalistas.
Não sendo possível proibir o vai-e-vem, ao menos que seja definido um período temporal de incompatibilidade no regresso ao jornalismo (que impeça o exercício da profissão em absoluto ou, pelo menos, limite a abordagem a outras matérias diferentes daquelas que antes eram tratadas como assessor).
O PS irá manter uma proposta nesse sentido, agora que chegou a altura de apresentar programas eleitorais?

O Sindicato dos Jornalistas poderia fazer a proposta e enviá-la aos diferentes partidos...

ACTUALIZAÇÃO a 15/12: a caso teve desenvolvimentos. O Contrafactos sistematizou-os.
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Um pormenor

É - insisto - um pormenor, mas não deixa de merecer uma notinha: o Jornal de Negócios publica hoje uma "breve" sobre a condecoração que o presidente da Polónia atribuiu ao presidente do BCP/Millennium. Com uma foto do momento da condecoração.
Essa foto não tem qualquer indicação sobre a origem, mas há instantes acabei de receber no meu email a mesma foto, enviada pelo próprio BCP.
- o BCP fez muito bem em promover a imagem do seu presidente;
- e é legítima a antecipação dada a esse jornal em concreto (pelo menos);
- mas o jornal deveria ter revelado a origem da foto. Vários, nestas circunstâncias, usam um expediente chamado "Direitos Reservados" mas o respeito pelo leitor implicaria qualquer coisa como "foto cedida pelo Millennium/BCP".
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