(act) O serviço público e o departamento financeiro da A1
Acredito sinceramente que Rui Pego pode conseguir na Antena 1 aquilo que não conseguiu na RR – aumentar as audiências.
Existe, hoje, um conhecimento do mercado-rádio suficientemente bom para saber que há coisas que resultam em audiências: uma play list ou mais informação desportiva costumam funcionar. Ou seja, a informação desportiva da RR com a play list da RFM e a Antena 1 pode crescer bastante.
A questão é outra: o serviço público diminuirá na proporção inversa das audiências. Como nunca houve uma discussão estratégia sobre o serviço público em rádio, cada director tem o seu entendimento. Legítimo. Mas o que é que a Antena 1 tem na sua grelha de programas que seja serviço público? A Antena Aberta, o Lugar ao Sul, os concertos de Armando Carvalheda e… (act: Passeio Público, aos domingos)
A Antena 1 passa menos música portuguesa do que a RR (é empírico, mas sou ouvinte regular); tem demasiada informação desportiva (mas menos do que a RR); dá mais ou menos as mesmas notícias que as outras dão, até de trânsito (ou seja, não tem uma lógica alternativa de agenda), funcionando numa lógica de concorrência pura; não fala do resto do país e não põe o resto do país a falar nacionalmente; não divulga talentos; não é difusora da cultura portuguesa, além daquela que está institucionalizada (Gulbenkian, Serralves ou as estreias de cinema); não tem ficção (a BBC tem).
Alguém pode dizer com honestidade que a Antena 1 é a rádio que promove, zela e incentiva a cultura portuguesa? Que e quanto fado passa? Tem espaços de autor (act: além de José Nuno Martins - um programa de autor é aquele em que o dito pode fazer o que entender, sem estar amarrado a um formato)? Para que é que recebe tantos milhões de euros de taxa de radiodifusão?
Como o meu conceito de serviço público não é compatível com elevadas audiências, concluo que quanto mais crescerem na futura Antena 1, mais aquele ficará confinado ao departamento financeiro!
PS – Este texto surge na altura em que a Antena 1 ultrapassou a TSF, mas isso é-me indiferente como jornalista da última (o pretexto é a entrevista de Rui Pego). Além disso, não é a primeira - nem última (25/11/04)- vez que trato o assunto. Já como cidadão…
(sugiro, a propósito, também este texto de Paula Cordeiro)
Existe, hoje, um conhecimento do mercado-rádio suficientemente bom para saber que há coisas que resultam em audiências: uma play list ou mais informação desportiva costumam funcionar. Ou seja, a informação desportiva da RR com a play list da RFM e a Antena 1 pode crescer bastante.
A questão é outra: o serviço público diminuirá na proporção inversa das audiências. Como nunca houve uma discussão estratégia sobre o serviço público em rádio, cada director tem o seu entendimento. Legítimo. Mas o que é que a Antena 1 tem na sua grelha de programas que seja serviço público? A Antena Aberta, o Lugar ao Sul, os concertos de Armando Carvalheda e… (act: Passeio Público, aos domingos)
A Antena 1 passa menos música portuguesa do que a RR (é empírico, mas sou ouvinte regular); tem demasiada informação desportiva (mas menos do que a RR); dá mais ou menos as mesmas notícias que as outras dão, até de trânsito (ou seja, não tem uma lógica alternativa de agenda), funcionando numa lógica de concorrência pura; não fala do resto do país e não põe o resto do país a falar nacionalmente; não divulga talentos; não é difusora da cultura portuguesa, além daquela que está institucionalizada (Gulbenkian, Serralves ou as estreias de cinema); não tem ficção (a BBC tem).
Alguém pode dizer com honestidade que a Antena 1 é a rádio que promove, zela e incentiva a cultura portuguesa? Que e quanto fado passa? Tem espaços de autor (act: além de José Nuno Martins - um programa de autor é aquele em que o dito pode fazer o que entender, sem estar amarrado a um formato)? Para que é que recebe tantos milhões de euros de taxa de radiodifusão?
Como o meu conceito de serviço público não é compatível com elevadas audiências, concluo que quanto mais crescerem na futura Antena 1, mais aquele ficará confinado ao departamento financeiro!
PS – Este texto surge na altura em que a Antena 1 ultrapassou a TSF, mas isso é-me indiferente como jornalista da última (o pretexto é a entrevista de Rui Pego). Além disso, não é a primeira - nem última (25/11/04)- vez que trato o assunto. Já como cidadão…
(sugiro, a propósito, também este texto de Paula Cordeiro)
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