Defender a auto-regulação e recusar os provedores?

(Não há ninguém que não defenda a auto-regulação; mas quando se trata de dar o primeiro passo...)

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domingo, maio 14, 2006

Acabei de ler o livro de MMCarrilho...

... e não tendo pessoalmente nada a ver com o que lá é descrito, é impossível, corporativamente, ficar indiferente.
Algumas notas soltas, para tentar arrumar as ideias, sendo que pretendo voltar ao assunto mais tarde:
- Se tudo o que Carrilho denuncia, envolvendo a comunicação social, fosse verdade, estaríamos perante uma das mais graves crises envolvendo o jornalismo português de que tenho memória;
- Carrilho denuncia uma rede (em muitos casos organizada) entre jornalistas para o «queimar» politicamente; o livro não é isento nem, se calhar, deveria ser - mas sente-se alguma ligeireza na forma como arrola factos que, associados, servem a sua «teoria da conspiração»;
- Para Carrilho só há uma verdade, a sua. Muitos dos factos ali descritos terão, obviamente, outra explicação (quero acreditar que sim);
- As acusações a A. Cunha Vaz são de uma gravidade extrema - e era bom que o caso não ficasse por aqui, para se perceber até que ponto Carrilho consegue solidificar o que diz do empresário de comunicação;
- Aliás, em nome da credibilidade da comunicação social portuguesa, seria importante aparecer um(a espécie de) contra-livro - com o contraditório; ou pelo menos uma reportagem de investigação num jornal. Sendo que, noutras circunstâncias, o próprio Sindicato dos Jornalistas deveria abrir uma espécie de «inquérito» ao que se passou; pelo menos um debate;
- Finalmente: uma das poucas situações em que, perante as palavras de Carrilho, é possível ter uma opinião estruturada, describiliza o ex-candidato - a do aperto de mão no final do debate. Dizer que a gravação do pós-debate foi uma «golpada» da SIC não abona muito em favor da inteligência colectiva nem, provavelmente, da credibilidade do restante que é escrito(independentemente de Carrilho ter alguma razão sobre o facto de essa parte ter tomado conta do todo - mas ele seria o próprio o primeiro a aplaudir se a situação se tivesse passado ao contrário).

Gostava de reforçar esta ideia - é uma pena se o livro morre por aqui, com o argumento de que as suas acusações não têm credibilidade. Será muito mau para o jornalismo português se "Sob o signo da verdade» for a última verdade.

PS - Carrilho também aborda este caso, sobre o qual opinei na altura. O jornalista do DN reafirma ontem o que então escreveu. Carrilho diz que ele «inventou uma conversa que nunca teve comigo sobre a anunciada candidatura de Mário Soares».
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Mais do que uma simples curiosidade

«Os jornalistas acreditados no Palácio de Belém foram convidados pelo chefe da Casa Civil do Presidente da República, dr. Nunes liberato, para um encontro informal, onde teria lugar uma conversa em "off". O "off" significa, em jargão profissional, que jornalistas e fonte (no caso, o dr. Nunes Liberato) acordam que a conversa não é para ser divulgada. Depois de terem trocado impressões com Nunes liberato, os jornalistas foram convidados para um passeio pela fantástica varanda de Belém onde, num "acaso" evidentemente encenado, apareceu o prof. Cavaco Silva, responsável-mor pelo Palácio de Belém. Cavaco Silva dirigiu-se aos jornalistas e participou na conversa, obviamente em "off", da qual não transpirou uma linha para a imprensa - como era natural, dado o cumprimento do acordo por parte da comunicação social. Houve uma parte, no entanto, que "furou" o embargo do acontecimento: o próprio Cavaco Silva. No órgão de informação de que é proprietário (a página da Net da Presidência da República) pode ler-se que, "no dia em que cumpriu dois meses do seu mandato, o Presidente Cavaco Silva recebeu os jornalistas portugueses que acompanham regularmente a actividade da Presidência da República". A foto, um exclusivo do órgão de informação do prof. Cavaco, era um mimo. O encontro em "off", afinal, até estava na agenda do Presidente e tinha uma finalidade e um objectivo precisos: aparecer em pose distendida com a imprensa, violando objectivamente um acordo de "off". Lindo, educativo e revelador». (Ana Sá Lopes, DN de 13/5/06)
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