Defender a auto-regulação e recusar os provedores?

(Não há ninguém que não defenda a auto-regulação; mas quando se trata de dar o primeiro passo...)

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quinta-feira, julho 20, 2006

ACTx2 Desisto (I)

Penso que estes serão os últimos postais sobre a identificação da bebé de Viseu. Desisto.
Com tantos alertas feitos aqui (e também no Jornalismo e Comunicação), a situação não só não melhorou como piorou. Veja-se o caso do JN: depois de um director do jornal ter dito que a identificação «não foi, na opinião desta Direcção, o juízo mais correcto. De facto, estando a criança viva, não faz qualquer sentido não manter a reserva do nome, mesmo tendo ele sido erradamente divulgado por outros. Daí que, logo que fomos alertados para o facto, tenha sido acordado entre todos retirar o nome da vítima de futuras peças e tomar o máximo de atenção em casos similares que venhamos a noticiar", o jornal volta a identificar.
Aliás, o panorama nesta altura (a partir das edições de ontem) é o seguinte:
Lusa, DN, JN, 24H e Correio da Manhã: identificam;
Público: não identifica *;

Outra razão para desistir de escrever sobre o assunto: a consagração da violação deontológica numa declaração como esta de Isabel Stillwell na última NM: «a lei e a ética mandam que não se utilize o verdadeiro nome de uma criança maltratada e essa é uma regra que acolhemos. Mas quando a NM falou pela primeira vez na ... o seu nome já era título de abertura de jornais e telejornais. Trocá-lo por outro só lançaria o leitor na maior confusão». Nada mais a dizer, depois disto. Até porque, aqui (Dias do Avesso, 19/7/06), a director da NM diz que, agora, só por hipocrisia (sic) é que o nome não é citado. À frente Eduardo de Sá explica as consequências e os traumas para a bebé.

* Tenho feito o que está ao meu alcance para que a TSF também não o faça. Suscitei o assunto junto da reunião de editores. E já fiz alguma pedagogia junto de alguns editores. Mas não posso garantir que todos tenham a mesma sensibilidade.

ACT a 22/7/06: O director do JN escreve no Jornalismo e Comunicação que a Direcção do jornal não mudou de opinião mas que falharam os mecanismos de controlo. No mesmo espaço pergunta-se como fazer para identificar a bebé em causa. Eu mantenho a mesmo formulação: a bebé de Viseu (e não bebé de Moselos, porque restringe muito o campo). Não há soluções perfeitas em casos como este. Mas não são precisas soluções perfeitas. O que muitos jornalistas não perceberam é que há alguns valores acima do pacto(/respeito para) com os leitores. A não identificação de menores vítimas de maus tratos é um deles.
Outra coisa: o Público.pt, copiando da Lusa, faz destas coisas...

ACT a 28/7/06: O Correio da Manhã evoluiu na forma de tratar a bebé.
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Desisto (II)

Muito excepcionalmente, e porque achei importante perceber o que se estava a passar, perguntei ao João Marcelino, com a identificação de que publicaria a resposta, por que é que o Correio da Manhã continua a identificar a bebé.
O João diz que apenas usam os nomes próprios e nunca o(s) apelido(s). Como todos, aliás:

«Esta questão foi obviamente equacionada, tanto nas reuniões de Direcção e Chefia como em sede de reunião de editores, na qual todos os dias se discute o jornal e os temas a tratar. Foi decidido que não publicaríamos fotos do bebé nem o apelido de família. O cuidado com as normas deontológicas da profissão levou-nos até a distorcer a foto do pai, alegadamente o autor de maus tratos. Considerámos irrelevante a questão do nome próprio da vítima por razões evidentes: trata-se de um bebé e para o leitor é apenas uma referência genérica; poderia, aliás, ser esse o nome fictício.
Em termos globais, deixa-me dizer-te, ainda, o seguinte: o “CM”, como qualquer jornal, pode cometer erros, mas não acredito que nenhum outro jornal de Portugal seja tão democrático e aberto nas tomadas de decisão, tanto no assuntos escolhidos para serem tratados em cada edição como na feitura da capa
»
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