Defender a auto-regulação e recusar os provedores?

(Não há ninguém que não defenda a auto-regulação; mas quando se trata de dar o primeiro passo...)

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sexta-feira, junho 17, 2005

(act) Défice... democrático!

O JN conta hoje uma história (estória?) fascinante sobre o jornalismo aplicado à realidade!
Resumidamente, se percebi bem e não faltam elementos decisivos: o secretário de Estado Ascenso Simões deu uma (longa) entrevista a um jornal da sua terra, Vila Real, com a condição de a poder ler antes de ser publicada. Mas de acordo com o secretário de Estado, o jornal não terá respeitado esse acordo e publicou uma versão não autorizada. Em resposta, Ascenso Simões "mandou" retirar a edição, que foi recolhida na íntegra, uma hora depois de estar nas bancas de Vila Real. E já saiu uma segunda, com as devidas emendas.

Algumas notas, independentemente de outras conclusões que os leitores deste blogue possam tirar:
- estes acordos prévios (que implicam que o protagonista tenha uma última palavra sobre o que vai sair) são negativos para o jornalismo;
- mas se as duas partes aceitaram os termos, devem respeitá-los;
- Ascenso Simões sai mal da história (a liberdade de imprensa é fantástica, desde que seja sobre os outros...); quanto ao director do jornal, é melhor esperar pelas suas explicações (prometidas para a próxima edição);
- finalmente: de acordo com o JN, Ascenso Simões não corrigiu a sua própria entrevista mas «terá procedido a "uns ajustes" na introdução à entrevista, onde estaria descrito o seu percurso político e profissional, desde a juventude, omitindo alguns factos descritos e acrescentando outros, aos quais não era feita inicialmente qualquer referência»; assim sendo, por que é que a edição foi retirada? Ou o acordo incluía rever não apenas as declarações de AS passadas a papel mas também todos os textos do jornal sobre o secretário de Estado? Cheira-me a esturro...-

ACT a 18/6/05: o Público reproduz hoje uma notícia da Lusa, em que aparecem mais pormenores deste caso. O director do jornal, por exemplo, presta algumas declarações e confirma - entre outras coisas que estão na notícia do JN - que o secretário de Estado "efectuou pequenas alterações ao corpo da entrevista, mas mudou principalmente a introdução do texto, onde se falava do seu percurso político".
Insisto nesta ideia: não gosto de acordos de visionamento prévio de entrevistas, mas (porque há discussão sobre de quem é a "propriedade" das declarações) não o vou discutir. O que não é possível aceitar é que um qualquer protagonista mude um texto jornalístico, como parece ter sido o caso. Chamo a isto censura. E não compreendo por que é que o director do jornal aceitou retirar a edição original. Um caso destes em tribunal ridicularizaria o seu promotor!

ACT a 19/6/05: No JN de ontem, que só hoje li: "A alteração mais significativa foi feita na parte dos dados curriculares, da qual foram retiradas referências ao facto de Ascenso Simões ter começado de baixo e subido na política a pulso, de ter sido funcionário do PS e de ter trabalhado na Câmara de Santa Marta de Penaguião. A nova versão menciona, apenas, os cargos de governante, deputado e vereador da oposição em Vila Real".
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