Defender a auto-regulação e recusar os provedores?

(Não há ninguém que não defenda a auto-regulação; mas quando se trata de dar o primeiro passo...)

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domingo, dezembro 10, 2006

(ACT) A ERC. Preocupante

Sobre o artigo de Eduardo Cintra Torres escrevi na altura várias linhas - discordo em absoluto da forma como o fez, mas reconheço ao jornalista e crítico a capacidade/legitimidade para dizer o que disse. É um artigo de opinião, que contém informações alegadamente recolhidas enquanto jornalista (Marcelo Rebelo de Sousa não faz, por vezes, o mesmo na RTP, sem ser jornalista?). Eduardo Cintra Torres não o deveria ter feito, até porque - penso - se descredibilizou.

Mas além de ser um acto legítimo do cronista/jornalista, não faz qualquer sentido pedir ao director do Público que censure o texto, mesmo que não concorde com ele Numa deliberação com passagens que roçam a infâmia e a desonestidade intelectual, a ERC conclui que eu devia ser censor»), como aliás deixa perceber a opinião - que subscrevo quase na íntegra - de Rui Assis Ferreira*.

Não me tenho pronunciado sobre a ERC, porque acho que só vale a pena fazê-lo quando se perceber uma linha de pensamento. Infelizmente está a perceber-se e não é das mais agradáveis. A sua recomendação, no pormenor em apreço, é uma jurisprudência perigosa se alguém a levar a sério.

* «Em lugar de valorizar a componente reguladora (cognitiva, pedagógica, propositiva) da sua intervenção – sem deixar de repor a verdade quanto à dignidade e credibilidade profissionais dos jornalistas ao serviço da RTP -, o documento do Conselho Regulador privilegia a componente sancionatória das atribuições conferidas à ERC. Entendo que esta é uma má opção, já porque parte de pressupostos errados – o da sindicabilidade de um artigo de opinião à luz de critérios de rigor jornalístico, tal como o da responsabilidade editorial do director do periódico que lhe dá guarida (...)» (páginas 139-142).

ACT a 11/12/06:
1) a posição da ERC numa nota de hoje: «(...) indo para lá da opinião, o seu autor [ECT] actuou como jornalista e invocou essa qualidade, bem como a investigação jornalística que tinha realizado, proferindo acusações graves sem, sequer, recorrer ao contraditório. Acusou e julgou, como jornalista, sem respeitar os deveres correspondentes a esse estatuto. E, apenas por essa razão, justificou o juízo crítico que lhe foi (aliás, de forma instrumental) dirigido.
4. O Conselho Regulador entendeu com efeito que, ao actuar como jornalista (invocando os direitos que estão associados a este estatuto) mas recusando actuar como jornalista (não querendo assumir, tanto como os direitos, as obrigações ligadas a este estatuto), Eduardo Cintra Torres infringiu deveres elementares da profissão, jurídicos, éticos e deontológicos.

(...) não será necessário que alguém, quem quer que seja, passe por cima dele [José Manuel Fernandes] para "censurar" artigos de opinião. 13. Porque o Conselho Regulador da ERC esclarece que não lho pediu, nem pede; nunca lho pedirá; e muito menos lho irá exigir


2) Considerações de Estrela Serrano e Eduardo Cintra Torres no Abrupto.
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ACT Bom senso (e sensibilidade)

Caro José Fialho Gouveia,
Saberás que deste lado está alguém que gosta de ler o teu trabalho, que te segue desde os primeiros tempos no Independente e que já te elogiou diversas vezes.

Ao ler, esta semana, a entrevista que fizeste a António Pires de Lima no Sol fiquei bastante decepcionado: perguntar ao entrevistado coisas tão íntimas como a masturbação?!

É, sem dúvida, como o convidado te explicou, de uma enorme falta de bom senso.

Continuarei a ler-te. Mas, se me permites a sugestão, quando tiveres de embaraçar um entrevistado que seja por algo que valha realmente a pena (algo que se seja publicamente escrutinável); não pela sua vida íntima.

ACT a 13/12/06. José Fialho Gouveia enviou o seguinte comentário:
«A entrevista a António Pires de Lima motivou, de facto, reacções bastante negativas. Admito que possa ter ido demasiado longe – ninguém está livre de errar. Contudo, deixa-me apresentar alguns argumentos em minha defesa:
- Quem lê a entrevista não o percebe, mas o entrevistado não ficou incomodado com as perguntas mais íntimas. Entrou no jogo, quis dar respostas com humor e ficou satisfeito com o resultado final.
- Não houve jogo menos correcto da minha parte. Uma coisa, julgo eu, é explorar a vida íntima de alguém. Outra, é questionar alguém sobre a sua vida íntima. Quem está do outro lado pode ou não responder, mas não é violentado na sua privacidade.
- Haverá opiniões contrárias, mas julgo que as perguntas não foram gratuitas. Pires de Lima é católico e conservador, a Igreja continua a condenar a masturbação e julgo que é importante perceber a forma como alguém com o perfil de Pires de Lima encara o assunto. Falando com psicólogos é fácil perceber que muitos adolescentes continuam a ter sentimentos de culpa no momento em que descobrem o seu corpo e a intimidade.
- Os limites dependem do contexto. Aquele espaço – Entrevistas Imprevistas – caracteriza-se pela imprevisibilidade, ironia, irreverência e humor. Nesse contexto pode ir-se mais longe, os limites não são os mesmos (...).

Zé Fialho»
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