Defender a auto-regulação e recusar os provedores?

(Não há ninguém que não defenda a auto-regulação; mas quando se trata de dar o primeiro passo...)

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sexta-feira, dezembro 17, 2004

A metamorfose de A Capital (15)

O que é que estas manchetes têm em comum?

1) "FC Porto pode descer de divisão e perder o título" (8/12)

2) "Morte de Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa pode ter sido motivada por negócios escuros ligados ao tráfico de armas" (9/12)

3) "Artur Santos Silva é o nome desejado pelo PS para ministro das Finanças" (13/12)

Resposta: a insegurança, a incerteza e a indefinição nessas afirmações! O pode é, só por si, eloquente (pode ser mas pode não ser...); no terceiro caso, é o jornal que esclarece: "o que era um rumor no meio político passou a ser dito como se fosse uma verdade". Quem o diz no jornal? "Fontes distintas ligadas ao PS, contactadas por A Capital, atestam essa informação".

PS - os restantes textos desta série aqui
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Relatos feitos em estúdio

As rádios começam a confrontar-se com uma nova realidade: a exigência, por parte de clubes e organizações de competições, de pagamento de direitos para autorizar a transmissão dos relatos em directo.
A falta de um sistema de audiências com valores objectivos sobre o real impacto da programação, a dificuldade em conseguir patrocínios (por causa da televisão?) e os valores por vezes elevados (dois a 15 mil euros...) estão a levar as rádios a optar por fazer os relatos em estúdio - com recurso às imagens de televisão.
Aqui não vou discutir se essa opção mata o próprio relato, mas apenas as questões deontológicas: um relato feito em estúdio deve ser sinalizado como tal junto dos ouvintes. No início e no recomeço da segunda parte, por exemplo.
E os ouvintes que ligam a meio?
Não faz sentido estar a dizer de cinco em cinco minutos. As duas sinalizações propostas têm um carácter simbólico, de respeito pelo ouvinte.

PS - o mesmo se passa com a introdução de som ambiente nesse relato de estúdio: som ambiente apenas o original, o resto (gravações...) é enganar o ouvinte!
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Coisas que fascinam (43)

"Eu [segue-se a identificação], numa entrevista ao semanário «O Independente», no dia 3 de Maio de 2002, consta a dado passo (...) «isso é uma vantagem que, para uma administração que se provou ser corrupta, resulta como uma desvantagem».
Declaro que, com esta afirmação, nunca tive a intenção de me referir ao [seguem-se dois nomes], membros daquele Conselho de Administração do INAC, e de ferir a honra e consideração que a eles são devidas, pelo que a afirmação por mim proferida (...) é falsa
".
Declaração publicada em O Independente de hoje, como publicidade
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Estou com JMC

"(...) há que ter a coragem necessária para declarar a tolerância zero para esta promiscuidade permanente entre o jornalismo e uma qualquer central de informação, seja ela governamental, da publicidade ou outra. Enquanto se mantiverem as águas turvas, consentidas sob argumentos patéticos do tipo «ele até é bem educado, culto e competente», vamos continuar a assistir ao indecoroso ir-e-vir (...)".
José Mário Costa no portal do Clube de Jornalistas
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Ainda sobre o relato de futebol

O comentário de Rogério Santos, no texto sobre o relato de futebol não jornalístico, merece algumas notas:
- a definição do acto jornalístico seria fundamental para balizar o que é e o que não é... jornalismo;
- essa definição não passaria tanto por um enquadramento dos conteúdos hipoteticamnente jornalísticos mas de regras que devem ser seguidas (as "notícias da quinta das celebridades" podem ser jornalismo se forem executadas de acordo com determinadas regras elementares);
- como se constata facilmente, as leis que nos regem estão desadequadas à realidade actual;
- a essência do jornalismo é fazer reportagem, como diz Rogério Santos, mas que reportagem? Com que qualidade? Misturando factos e opinião, como nesse caso do Artur Agostinho? É reportagem, mas não é jornalismo;
- o "Avante" (lá estou eu...) tem reportagens, mas não é jornalismo; reportagem é, portanto, um conceito/formato, não um sinónimo imediato e único de jornalismo;
- o relato de futebol não é jornalismo, mas no relato poderá haver momentos jornalísticos? Claro que sim; mas olhe que aquelas entrevistas televisivas (obrigatórias) no final dos jogos são tão condicionadas que dificilmente se podem considerar jornalismo...
- finalmente, é óbvio que não são apenas os relatadores de futebol que são - por regra - tendenciosos; a cobertura de Timor foi exactamente um desses caso - acho que a história registará esse momento como um dos mais felizes para a democracia do mundo mas um dos mais sombrios do moderno jornalismo português...
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