Defender a auto-regulação e recusar os provedores?

(Não há ninguém que não defenda a auto-regulação; mas quando se trata de dar o primeiro passo...)

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sábado, setembro 01, 2007

ACT As saudades de Carlos Magno

Quando Carlos Magno diz que tem «saudades do tempo em que a TSF tinha notícias [em primeira mão]» está a dizer muito mais do que parece. Do que parece ao próprio Carlos Magno?
- está a dizer, por um lado, que tem saudades do tempo em que, na rádio, apenas a TSF se preocupava em dar notícias; há, pelo menos, dez anos que deixou de ser assim;
- está a dizer, por outro, que tem saudades do tempo em que a rádio tinha apenas a concorrência dos jornais, em que a televisão não se preocupava com notícias (quem tem mais de 30 anos sabe que era assim, há uma década); do tempo em que não havia cabo nem canais interessados em noticiar a qualquer hora;
- mas está a dizer, sobretudo, que tem saudades do tempo em que o paradigma mediático estava muito bem conservadinho, do tempo em que não existia Internet; do tempo em que o Expresso só noticiava ao sábado e não à segunda, terça ou quarta (e quem diz o Expresso diz o Sol, com todas as suas respectivas e abundantes fontes); do tempo em que os diários saíam apenas um vez por dia, de manhã, e o resto do dia ficava livre - hoje, as edições on line noticiam a qualquer hora, além de haver jornais apenas on line.
- do tempo, em resumo, em que uma redacção com cem jornalistas geria as notícias para um determinado momento do dia e não para «qualquer momento»;
Eu também me lembro desse tempo, como o Carlos Magno. Mas não tenho saudades. Como profissional da rádio não me resigno, mas sei que o paradigma é outro. A rádio pode não noticiar em primeira-mão, mas pode acompanhar, desenvolver, estar em directo. Deixou é de poder competir com quem tem mais condições para noticiar. Nesse campeonato vai sempre perder. E o tempo não volta para trás...

PS - Boas entrevistas as de Helena Teixeira da Silva na última página do JN este Verão.

ACT a 5/09/07: O meu texto, como era de imaginar, suscitou as mais variadas críticas e análises. E rapidamente se passou para a própria TSF. Permitam-me re-citar-me: «A rádio pode não noticiar em primeira-mão, mas pode acompanhar, desenvolver, estar em directo. Deixou é de poder competir com quem tem mais condições para noticiar. Nesse campeonato vai sempre perder. E o tempo não volta para trás...». Se a TSF é hoje menos dinâmica, aguerrida, interveniente, devemos procurar as (principais) razões nesse contexto mediático. Há outras, claro. Mas menos determinantes (penso).
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