Defender a auto-regulação e recusar os provedores?

(Não há ninguém que não defenda a auto-regulação; mas quando se trata de dar o primeiro passo...)

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quinta-feira, maio 25, 2006

Um paradoxo e um anacronismo

Tenho, nos últimos dias, ouvido a Rádio Portugal - interessam-me, por outras razões, as experiências radiofónicas na internet.
E o que ouvi deixou-me desiludido: a Rádio Portugal é uma emissora musical, com notícias de meia em meia hora (de 20 em 20 minutos?), a emitir na net e através de dois emissores de onda média.
E é aqui que está, primeiro, paradoxo e, depois, o anacronismo:

- a selecção musical, âncora importante naquela emissão, é para um público muito adulto (fado, música popular e ligeira e alguma pop, tudo em português ou por portugueses), misturando - como aconteceu hoje - «Ó tempo volta para trás» com Xutos e Pontapés. Mas, basicamente, a emissão destina-se a um público muito acima dos 45 anos. Esse público ouve a emissão na net? Não acredito. Programação de onda média e emissão na net, pelo menos por agora, não são compatíveis. Teria sido mais inteligente - parece-me - formatar a emissão com música adaptada ao público da net e esquecer a onda média (que já estava esquecida...);

- jornalisticamente, a emissão é pobre, apesar das notícias de meia em meia hora: não há directos, alguns noticiários parecem gravados (com jogos do europeu de sub21 a decorrer, por exemplo, a coisa é mais chocante), falta reportagem, falta actualização: a partir do momento em que TSF e Antena 1 transmitem as conferências de imprensa da selecção, a Rádio Portugal também teria de o fazer (os ouvintes que querem ouvir falar da selecção estão onde?);

O investimento não é grande, mas a Rádio Portugal custa dinheiro. E sem conteúdos apelativos vai ser difícil viabilizar a aposta.

PS - coisa boa nesta Rádio Portugal, o regresso de Fernando Neves, das 17h às 20h30, que tinha saudades de ouvir desde os tempos da animação na TSF!
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O passo em frente de LPMartins

No Público de ontem, Luis Paixão Martins fez publicar um artigo de opinião em que dá mais um contributo para a discussão - LPM aceita algum tipo de regulação, fala na necessidade de criar um novo código de conduta para as empresas de conselho em comunicação e promete, com um código de conduta interno, ser mais (*) transparente na relação com os seus clientes:

«O episódio Carrilho leva-me, no entanto, a rever a posição. Pode dar-se o caso de, mesmo com o completo desconhecimento dos jornalistas e media "envolvidos" e contra o mais elementar bom senso, existam empresas de conselho em comunicação que tendam a apresentar, no âmbito da assessoria mediática, propostas com objectivos. Podem fazê-lo em documentos formais e podem, mais facilmente, fazê-lo em contactos informais. Urge pôr cobro a tais práticas.Pode ainda dar-se o caso de haver empresas que facturem os seus serviços em função dos resultados mediáticos obtidos. É uma prática que, além de repugnante, pode induzir os clientes em erro, no erro de presumirem que aquilo que pagam não se destina a pagar os serviços da empresa, mas a pagar jornalistas. É para evitar este tipo de confusão que discordo de - e não utilizo - a expressão "agências de comunicação", porque associo o conceito de "agência" a uma intermediação retribuída por comissão (como é a retribuição das agências de meios). As empresas de conselho em comunicação devem ser retribuídas por honorários previamente estabelecidos (e estáveis ao longo do tempo) e que se destinam a compensá-las dos recursos humanos envolvidos. A apresentação de propostas com objectivos, além de irrealista, é um expediente que prejudica a imagem destas empresas, que não ajuda os potenciais clientes a compreender o funcionamento dos media e que revela, da parte dos seus autores, uma concepção pouco séria e nada rigorosa do relacionamento com os jornalistas. O mesmo se pode dizer de outras práticas como a retribuição em função dos resultados mediáticos obtidos»

Algumas questões:
- já existe um código de conduta na APECOM - se não for cumprido, não há crise; este novo, a existir, será diferente? Em quê?
- defenderá LPM a existência de sanções para os não cumpridores?
- isso implica integrarem esta actividade profissional no âmbito da ERC, por exemplo, ou será auto-regulação?


(*) Se escrever «ser mais transparente» estarei dizer que não é suficientemente, entendendo-se como uma crítica? Se acrescentar «ainda» «mais transparente», estarei a demonstrar adesão às qualidades da empresa, entendendo-se como um elogio?
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