Defender a auto-regulação e recusar os provedores?

(Não há ninguém que não defenda a auto-regulação; mas quando se trata de dar o primeiro passo...)

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quarta-feira, setembro 27, 2006

ACTx2 Escrutinar o jornalismo

Um grupo de economistas, juristas , gestores e engenheiros (19 no total) assina uma carta-aberta no Público de hoje, dirigida à ERC, e na qual pedem a intervenção do regulador para a cobertura dos jornais económicos relativamente ao último Compromisso Portugal.
Dizem que os jornais fizeram uma cobertura com uma «envergadura, intensidade, duração e ênfase» exagerada. E queixam-se do «baixo nível de análise crítica».

Para os subscritores, o facto dos empresários participantes no Compromisso Portugal «controlarem dois recursos-chave para o próprio negócio do jornalismo económico (fontes de notícias e fontes de publicidade)» pode levar a uma distorção nas prioridades jornalísticas por critérios não jornalísticos.

Em nome da necessidade de escrutínio no jornalismo, pedem a intervenção da ERC.

A mim, que não acompanhei a cobertura em causa nem tenho opinião sobre a matéria em concreto, interessa-me aplaudir a iniciativa destes cidadãos. O jornalismo, para escrutinar o poder, não deve ter problemas em também ser escrutinado.

PS - nem por acaso: ao lado desta carta no Público de hoje, Joaquim Fidalgo critica a ausência de compromissos por parte dos participantes do Compromisso Portugal...

ACT a 29/9/06: li no Público de hoje que o Jornal de Negócios tenciona processar os autores deste artigo de opinião. Embora não acredite que Sérgio Figueiredo o venha a (conseguir) fazer, lamento essa decisão. Não penso que o texto em causa seja difamatório nem que contenha «torpes acusações». Mais, penso que uma reacção como a anunciada é um bom exemplo para quem acusa a comunicação social de ser corporativista e fechada sobre si própria, imune às críticas exteriores. Porque não discutir o assunto?

ACT a 7/10/06: só hoje vi o texto de Francisco Teixeira da Mota (via Clube de Jornalistas) no Público de 1/10: «o que releva aqui, é o facto de o Jornal de Negócios considerar que foi "difamado"e que os tribunais são a sede própria para se discutir as questões levantadas pela "Carta Aberta". Isto é, considerando que os signatários da Carta Aberta, ao expressarem publicamente as preocupações que os assaltaram na sua qualidade de leitores de jornais económicos, ultrapassaram os limites da liberdade de expressão numa sociedade democrática! (...) mas, neste caso, considerar que o que foi escrito na Carta Aberta é "proibido", representa, uma verdadeira enormidade e, seguramente, uma negação dos valores que o próprio Jornal de Negócios defende pelo que, por respeito aos 117 mil leitores do mesmo, a ameaça de recurso aos tribunais não irá, seguramente, ser concretizada ...». Como se percebe, não podia estar mais de acordo.
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