Defender a auto-regulação e recusar os provedores?

(Não há ninguém que não defenda a auto-regulação; mas quando se trata de dar o primeiro passo...)

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segunda-feira, novembro 05, 2007

Com a devida vénia (e uma 'chapelada') para MAP

«Uma das características de algum jornalismo que hoje por aí se faz é que nada acontece, tudo "poderia ter acontecido" ou "poderá acontecer". Outro dia pus-me a contar os futuros e condicionais de uma "notícia" de uns poucos de períodos publicada no "Correio da Manhã" sobre o desaparecimento de Maddie McCann. Ao todo, contei 10 condicionais e futuros hipotéticos para um único e glorioso "foram". A "notícia", assinada por uma jornalista "de investigação", era só uma ociosa enumeração de suposições as análises "podem ser" hoje enviadas para Portugal; um cão pisteiro "ter-se-á mostrado" nervoso, o que "poderia indiciar" não sei o quê; "a utilização de cães pisteiros "terão sido sugeridos" (sic) pelos ingleses; um amigo dos McCann "terá levantado" suspeitas; um inglês "poderá ser extraditado"; os McCann "terão arrendado uma casa"; etc.. Por outro lado, as raras vezes que, em tal jornalismo, algo acontece, acontece "alegadamente": a mulher foi alegadamente atropelada, o sinal verde estava alegadamente aceso, o automobilista teria alegadamente 2 gramas de sangue no álcool. E tudo segundo fontes "próximas" de qualquer coisa, pois os jornalistas, hoje, não afirmam nem confirmam, repetem. Por estas e por outras, cada vez admiro mais o "Borda d'Água".»
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Uma «Perspectiva» diferente sobre jornalismo e publicidade

O Público de sábado distribuiu uma revista mensal chamada «Perspectiva» (nº 6). É um revista estranha, no sentido em que se apresenta como uma revista de informação geral, sem ter (pelo que me apercebi) um público definido: há por exemplo vários textos sobre Angola, que só podem interessar a leitores de Angola.
Mas o que mais me impressionou na «Perspectiva» foi o seu modelo de negócio: sendo oferecida, apenas pode viver com a publicidade. Mas se o mercado publicitário está tão difícil para as publicações de maior prestígio, como consegue a «Perspectiva» viver?
A resposta está no seu interior:
- Há um artigo de duas páginas sobre a Universidade Independente de ANgola e duas páginas de publicidade da Universidade Independente de Angola (a publicitar as suas licenciaturas e as novas instalações);
- Há um artigo de página e meia sobre a Universidade Técnica de Lisboa e meia página de publicidade da UTL;
- Há um artigo de página e meia sobre a Cegoc (recursos humanos) e meia de publicidade da Cegoc;
- 12 páginas intituladas «dossier promocional» (as famosas publireportagens, antijornalísticas) sobre os mais variados assuntos (sendo que os casos de dois institutos públicos me parecem graves, pela demissão de criar valor noticioso: o INATEL e o Instituto António Sérgio têm páginas de «dossier promocional» e a seguir páginas de publicidade);

Não me atrevo, por esta única leitura e porque não conheço o funcionamento interno da revista, a contrariar o que se lê no Estatuto Editorial, que «PERSPECTIVA é um projecto de informação independente de qualquer poder instituído ou influência de natureza política, religiosa, económica, desportiva, étnica ou ideológica», mas ou é apenas coincidência ou fica a ideia de (alguma) submissão da abordagem jornalística a critérios publicitários.
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