O Público de sábado distribuiu uma revista mensal chamada «
Perspectiva» (nº 6). É um revista estranha, no sentido em que se apresenta como uma revista de informação geral, sem ter (pelo que me apercebi) um público definido: há por exemplo vários textos sobre Angola, que só podem interessar a leitores de Angola.
Mas o que mais me impressionou na «Perspectiva» foi o seu modelo de negócio: sendo oferecida, apenas pode viver com a publicidade.
Mas se o mercado publicitário está tão difícil para as publicações de maior prestígio, como consegue a «Perspectiva» viver?A resposta está no seu interior:
- Há um artigo de duas páginas sobre a Universidade Independente de ANgola e duas páginas de publicidade da Universidade Independente de Angola (a publicitar as suas licenciaturas e as novas instalações);
- Há um artigo de página e meia sobre a Universidade Técnica de Lisboa e meia página de publicidade da UTL;
- Há um artigo de página e meia sobre a Cegoc (recursos humanos) e meia de publicidade da Cegoc;
- 12 páginas intituladas «dossier promocional» (as famosas publireportagens, antijornalísticas) sobre os mais variados assuntos (sendo que
os casos de dois institutos públicos me parecem graves, pela demissão de criar valor noticioso: o INATEL e o Instituto António Sérgio têm páginas de «dossier promocional» e a seguir páginas de publicidade);
Não me atrevo, por esta única leitura e porque não conheço o funcionamento interno da revista, a contrariar o que se lê no Estatuto Editorial, que «
PERSPECTIVA é um projecto de informação independente de qualquer poder instituído ou influência de natureza política, religiosa, económica, desportiva, étnica ou ideológica», mas ou é apenas coincidência ou fica a ideia de (alguma) submissão da abordagem jornalística a critérios publicitários.