Defender a auto-regulação e recusar os provedores?

(Não há ninguém que não defenda a auto-regulação; mas quando se trata de dar o primeiro passo...)

Blogouve-se mudou para um endereço próprio: http://blogouve-se.com


Peço o favor de actualizarem as vossas bookmarks e eventuais links. e de continuarem a ler e a comentar na nova morada.

terça-feira, janeiro 11, 2005

Porque ouvimos mal (e o "ruído")...

Todos os jornalistas de rádio com um mínimo de experiência sabem que os ouvintes… ouvem mal (trocam, confundem, percebem ao contrário, agarram só uma parte do que é dito).
Isto não se manifesta apenas quando os ouvintes ligam para a rádio; mais importante, faz com que as nossas mensagens sejam apreendidas de uma forma defeituosa.
Não é “ruído” (porque isso só acontece quando a “falha” depende quem fala na rádio) mas tem igual importância porque retira qualidade/eficácia ao que é ouvido.
A explicação (ou pelo menos uma explicação) para esta constatação fui encontrá-la num discreto livro chamado “Como lidar com os «media»” (Edições Cetop, Lisboa, 1995).
O autor, John Lindstone, explica que, ao contrário do que acontece com a escrita, na nossa vida, não recebemos qualquer treino para ouvir – e isso traduz-se em “menor eficiência”.
Ao contrário da audição, a escrita recebe toda a nossa atenção, sobretudo enquanto nos formamos, física e intelectualmente.
Mais: ouvir é, por vezes, um acto desconsiderado, “acha-se demasiadas vezes que é um sinal de passividade ou de concordância”.
Eis alguns dos obstáculos que o autor enuncia como sendo aqueles que impedem uma boa audição:
- A velocidade a que falamos a nossa própria língua (“falamos a uma velocidade de 120 a 150 palavras por minuto. Mas o cérebro pensa a velocidades que vão até 500 palavras por minuto”);
- Distracções exteriores (situações exógenas, como a “fadiga, desconforto pessoal, barulho, chamadas telefónicas ou demasiado conforto”, por exemplo, dificultam “a concentração nas mensagens que a pessoa está a falar tenta transmitir”);
- Interpretação e distorção (“O ambiente cultural e educacional de quem fala e, na mente do ouvinte, a linguagem pouco precisa que usa” e “ideias preconcebidas provenientes da nossa própria experiência passada” podem induzir em erro ou distorcer a recepção de uma ideia);
- Barreiras pessoais (“Depois de a pessoa começar a falar pode fazer ou dizer coisas de tal maneira que nós «desligamos»”, seja porque usa calão, recorre a erudição ou arcaísmos ou tem maneirismos irritantes);
Conclui John Lindstone: “como os nossos hábitos de audição se desenvolvem mais por acaso do que por treino, muitos de nós somos ouvintes pouco ou nada eficientes”.
Como é que isto se relaciona com o jornalismo?
A percepção de que há um risco considerável de o ouvinte ouvir mal deve levar a um cuidado ainda mais redobrado na eliminação do “ruído”: pelo menos não será por nossa culpa que ele… não vai ouvir!

(Relacionarei, numa primeira oportunidade, estes conceitos com aquilo a que Armand Balsebre chamou de “fadiga auditiva”)
Blogouve-se mudou para um endereço próprio: http://blogouve-se.com. Comente na nova morada.

O PCP e o BE

Já muitas vezes se escreveu sobre a capacidade/facilidade do Bloco de Esquerda em aparecer na comunicação social. Ainda no final da semana passada, na TSF, ouvi um noticiário com três sons diferentes, sobre dois assuntos distintos, de Francisco Louçã!
Como é que me lembrei disto? Ao ler a crónica de Manuel Pinto no JN de domingo.
O provedor dos leitores trata de um dos assuntos mais recorrentes do jornalismo português: as queixas do PCP ("Será o Partido Comunista Português (PCP) discriminado e prejudicado pelo Jornal de Notícias? Dito por outras palavras haverá, neste diário, uma atitude deliberada de silenciar esta força política ou a coligação na qual concorre habitualmente a eleições?").
O PCP queixa-se que lhe dão pouca atenção; e pode apresentar como paradigma o Bloco de Esquerda...
(por falar nisso, é interessante ver, por estes dias, o esforço de Manuel Monteiro para inventar as propostas mais insólitas, para fazer as acusações mais estranhas e para sugerir os comentários mais bizarros - e assim conseguir espaço na comunicação social, como, em parte, aconteceu há uns anos com o BE...)
Blogouve-se mudou para um endereço próprio: http://blogouve-se.com. Comente na nova morada.

No JN

Frederico Martins Mendes deixou hoje de ocupar o primeiro lugar no cabeçalho do JN, 12 anos depois!
Sucede-lhe José Leite Pereira, que escreve oje em editorial (não está on line): "Continuamos a ser um jornal popular de qualidade, que recusa o sucesso fácil que uma manchete pode proporcionar, e que procura dar ao leitor todas as informações para que forme a sua própria opinião e possa ser um cidadão melhor numa sociedade cada vez mais agressiva (...)".
Blogouve-se mudou para um endereço próprio: http://blogouve-se.com. Comente na nova morada.

Mas nenhum está em funções...

"Jornalistas e ex-assessores de imprensa integram as listas eleitorais dos principais partidos. Da esquerda à direita, não faltam profissionais da comunicação social que decidiram passar para o outro lado da barricada"
A notícia dá oito exemplos de antigos jornalistas agora nas listas do Parlamento. Nenhum está em funções, com a excepção de Ribeiro Cristóvão, da Rádio Renascença, que suspende para a campanha e se for eleito.
Blogouve-se mudou para um endereço próprio: http://blogouve-se.com. Comente na nova morada.

Uma frase

"Felizmente que consegui com a direcção do DN dar a resposta de que não estou aqui para manipular, o que seria absurdo, cerca de 700 jornalistas"
Luís Delgado, ontem, em entrevista ao Jornal de Negócios (duas páginas de leitura obrigatória para quem se interessa pelo negócios dos media - curioso como passou despercebida, provavelmente por o JN não estar on line)
Blogouve-se mudou para um endereço próprio: http://blogouve-se.com. Comente na nova morada.

Os outros também!

"O PÚBLICO viaja em avião fretado pela Presidência da República"

Os outros jornalistas irão dizer alguma coisa?
É uma informação relevante para o leitor?
Blogouve-se mudou para um endereço próprio: http://blogouve-se.com. Comente na nova morada.