Defender a auto-regulação e recusar os provedores?

(Não há ninguém que não defenda a auto-regulação; mas quando se trata de dar o primeiro passo...)

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terça-feira, maio 24, 2005

Comprar boas notícias!

O DN de hoje, confirmando ter a secção de media mais atenta entre a concorrência, destaca a notícia contada pelo El País de sábado, segundo a qual o governo da Galiza gastou dois milhões de euros para comprar "boas notícias" na comunicação social regional.
"Os contratos, promovidos pela Secretaria-Geral para as Relações com os Media, exortam os órgãos de comunicação a "introduzir entre os seus conteúdos os relativos à promoção dos valores e à defesa da identidade da Galiza". Mas não é tudo. Os jornalistas dos meios em causa devem divulgar a "transformação" que a Galiza experimentou "nos últimos anos" e "fomentar o orgulho de ser galego". Os protocolos prevêem ainda a inclusão de um lote de "páginas informativas ou de publicidade institucional em datas escolhidas pela Secretaria-Geral, como contributo a serviços públicos que seja necessário dar a conhecer à sociedade galega".

Cinco directores, da comunicação social portuguesa, mostram-se (e bem) indignados.
Mas - acho - o caso galego não é muito diferente (tirando as proporções) deste, que trouxe anteontem para o blogue.
Acrescento mais estes dados: "As linhas gerais de orientação para condução das entrevistas são (...) fornecidas com a adjudicação", tal como os "textos de introdução"!
A galinha da vizinha é sempre melhor do que...
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(act) Uma estória triste...

e conta-se assim:
1) no dia 17 de Maio o Público, na abertura da secção de Cultura, publicava uma notícia de 17 linhas com o seguinte título: "Novo livro de García Marquez em português" (confesso que estranhei haver um novo livro de GGM, sempre tão raros, no mesmo ano de «Memórias das Minhas Putas Tristes» e a merecer 17 linhas, mas...)

2) dois dias depois, na rubrica «O Público errou», escreve-se que "o livro é da autoria do diplomata e amigo do Nobel colombiano, Plinio Apuleyo Mendoza, actual embaixador daquele país em Lisboa, e regista conversas entre ambos. Pelo erro pedimos desculpa aos leitores, ao autor e ao editor do livro".

3) mas nessa mesma quinta-feira, a Visão, na sua página «Em foco», escreve (com foto de GGM): "Lançamento do novo livro do escritor colombiano GGM, O aroma da goiaba, que surgirá nas livrarias até ao final do mês (...)"

Amanhã a Visão pedirá desculpa por ter sido ingénua?
ACTUALIZAÇÃO a 25/5: Não.
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Uma interpretação

Relativamente a isto, e uma vez que não houve nenhuma informação mais ou menos oficial (ó Arsénio, podias ter dito alguma coisa!), avanço com aquela que me parece ser uma explicação - como ouvinte diário da RR: a Renascença é a rádio que mais informação desportiva tem (sobretudo futebol), através das várias edições da «Bola Branca». A desvalorização deste tipo de noticiário nos informativos da hora será uma forma de não gastar o pouco tempo (no máximo 9 minutos) com temas que terão tratamento - ainda que sintético - noutros espaços (evitar redundância ou mesmo repetição).
Outra explicação (que pode ser consequência da anterior): é uma forma de "obrigar" os ouvintes a manter-se em antena para ouvir a «Bola Branca» (a RR é uma rádio com um share - um tempo médio de audiência - muito mais elevado do que, por exemplo, a TSF, o que pressupõe que não muitos ouvintes não procuram outra estação após o final dos noticiários).
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