Defender a auto-regulação e recusar os provedores?

(Não há ninguém que não defenda a auto-regulação; mas quando se trata de dar o primeiro passo...)

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terça-feira, janeiro 04, 2005

Concordo!

"A maioria dos comentadores dos vários telediários ajuda-nos muito pouco a perceber melhor o que é que se está a passar, optando pelo caminho mais fácil de nos atirar para cima com as suas ideias e convicções. Vertem umas declarações mais ou menos inteligentes, com mais ou menos preconceitos políticos, para nos dizerem apenas o que pensam sobre os assuntos (...). E não estou a falar de comentários de políticos, cujo papel é em princípio defender e explicar apenas as posições dos seus partidos e não tanto ajudar a objectivar as situações".
Pedro d'Anunciação, Expresso, 18 de Dezembro 04
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Os desafios do DN (1)

É hérculea a missão de Miguel Coutinho (e de toda a redacção, obviamente) para recuperar o Diário de Notícias para um patamar que perdeu há vários anos: aliar uma qualidade jornalística a um volume de vendas com um mínimo de massa crítica (40 mil pelo menos....).
Um dos desafios principais passa por aumentar a imagem exterior de credibilidade do jornal.
Ontem, terá havido um passo atrás!
O jornal divulgou, na discreta página 7 do seu suplemento de economia, que «o PS pondera aumento do IVA após eleições». Assinada por dois experientes jornalistas da editoria económica, a notícia cita apenas uma fonte anónima socialista (e não tem qualquer chamada à primeira página do jornal).
Os desmentidos (pelo portavoz socialista para a economia) começaram de manhã, nas rádios, seguiram-se as televisões, José Sócrates também desmentiu e hoje toda a concorrência desmente o DN, incluindo o DN!
Algumas notas:
- O jornal nem tirou verdadeiramente partido da sua própria notícia de ontem;
- O jornal não acreditou na sua própria notícia?
- O balanço final é claramente negativo: múltiplos desmentidos associados ao DN;
- O jornal não dá, na edição de hoje, uma linha sobre o assunto! O que é que os responsáveis do DN acham que os seus leitores - que ontem acreditaram naquilo que leram - acham, hoje, do que já sabem?

(Um pouco à semelhança do que acontece com A Capital, tentarei aqui acompanhar a nova fase do DN)
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O dilema do JN...

O JN publica hoje, nas suas páginas de opinião, um texto do chefe de gabinete do presidente da Câmara do Porto - obviamente um texto que faz uma análise favorável do mandato de Rui Rio. Então porquê (qual o interesse jornalístico de) publicar um texto que teria um carácter oficial?
O texto - percebe-se da leitura - resulta de uma espécie de "direito de resposta" a um balanço sobre a gestão da cidade em 2004, publicado pelo JN no final do ano, e carregado de tons escuros.
O jornal ter-se-á colocado perante esta dúvida: não publicar seria um acto de censura ou daria azo a críticas de enviesamento; a publicar, apareceria como "frete". Optou por publicar. E por isso acho que não sai muito bem.
Só vejo uma solução que me parecia ter todo o cabimento: o texto deveria ter sido apresentado como "direito de resposta", embora reconheça que é preciso uma interpretação muito vasta da lei para o enquadrar como tal ("Tem direito de resposta nas publicações periódicas qualquer pessoa singular ou colectiva, organização, serviço ou organismo público, bem como o titular de qualquer órgão ou responsável por estabelecimento público, que tiver sido objecto de referências, ainda que indirectas, que possam afectar a sua reputação e boa fama...").
A questão é: e se o autor não quisesse invocar o direito de resposta para publicação (um direito do autor)?
Eis um exemplo de como o jornalismo não é uma actividade nada simples e, qualquer que seja a opção, há sempre lugar a críticas!
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